O Fim da LONDON

 

Rodrom pratica uma vingança cruel

 

CICLO MORDRED

8

O FIM DA LONDON

 

POR

NILS HIRSELAND

 

IMAGEM DA CAPA

JOHN BUURMAN

 

 
 

Título Original:

Das Ende der LONDON

 

Tradução:

Eduardo J. C. Carvalho

 

Revisão:

Márcio Inácio Silva

Marcos Roberto

 

Formatação final para liberação no Projeto Traduções:

Márcio Inácio Silva

 

Capa em português

Manuel de Luques

 

Conversão para os formatos ePub, PDF e Mobi:

José Antonio

Publicação não comercial

 

O projeto Dorgon — ciclo Mordred — é uma publicação não comercial do PERRY RHODAN ONLINE CLUB e. V.

 

A tradução para o Português do Brasil é feita com autorização de Nils Hirseland.

 

Perry Rhodan® é uma marca registrada

Verlagsunion Erich Pabel – Arthur Moewig KG (VPM KG), Rastatt, Germany,

Star Sistemas e Projetos Gráficos Ltda., Belo Horizonte, Brasil

www.projtrad.org/dorgon

dorgon@projtrad.org

  1. O que aconteceu até agora 

 

Em outubro de 1285 NCG a espaçonave de luxo LONDON viaja num cruzeiro ao Grupo Local. A nova espaçonave capitânia da Liga Hanseática Cósmica leva as tradicionais empresas terranas a novas alturas.

Também a bordo da LONDON está Perry Rhodan, que conquistou a estima do somerense Sruel Allok Mok para a causa de Camelot. Entre os ilustres convidados está a família arcônida dos Orbanashol e também a seita “Os filhos da fonte de matéria” sob a liderança do pai Dannos.

Eles estão numa missão cósmica autoproclamada e sequestraram a LONDON. Mas seu “plano cósmico perfeito” falha quando uma espaçonave alienígena aparece e leva a LONDON para a galáxia M-64. Depois a espaçonave de luxo foi posta num universo paralelo no passado pela encarnação cósmica Rodrom, o retorno ao universo normal sucede graças ao desaparecido Sato Ambush.

Aurec e Perry Rhodan combatem o usurpador Dolphus em Saggittor e derrotam as tropas de Rodrom no Olho Negro.

A LONDON começa seu voo de volta para a Via Láctea. Mas Rodrom busca vingança e ameaça com O FIM DA LONDON.

 

Personagens principais deste episódio:

Perry RhodanO portador de ativador celular luta pela sobrevivência dos passageiros e tripulantes da LONDON.

Rosan OrbanasholA mestiça arcônida desliza de um desastre para o outro.

Wyll NordmentEle luta pelo amor de Rosan.

SamUm somerense ajudando na evacuação da LONDON.

James HollingComandante da LONDON.

RodromA encarnação da poderosa entidade MODROR exerce uma vingança cruel.

Spector Orbanashol, Attakus Orbanashol, Hermon da Zhart e Thorina OrbanasholOs arcônidas fazem a vida de qualquer um difícil.

Alex Moindrew, Evan Rudocc, Mugabe Sparks, Uto Lichtern, High Gellar, Garl Spechdt, Bogo Prollig e Terna AmbylTripulação da LONDON.

Terek-Orn, Shel Norkat, Kolipost e Jakko MathylOs passageiros acompanham o destino da LONDON?

Pai DannosO guru da seita é cúmplice do Apocalipse.

 

  1.  

 

O último capítulo da odisseia de Rhodan “a viagem da LONDON” começou. Parecia que todos os medos e preocupações tinham ficado em Saggittor, quando a espaçonave de luxo da Liga Hanseática Cósmica passou pela contraestação do portal estelar em 29 de novembro de 1285 NCG, alcançando o Grupo Local.

A viagem durou apenas alguns instantes. Quem criou este portal dimensional, não conhecia nem os saggittonenses nem mesmo os galácticos. Talvez viesse da superinteligência SAGGITTORA, disse Aurec pouco antes da partida.

Assim, fora dada a ordem aos saggittonenses para investigar o Grupo Local. Rhodan sabia que devia investigar este portal estelar mais uma vez para conquistar uma paz definitiva. De qualquer forma, agora haveria uma ligação direta, e rápida para a distante galáxia Saggittor que ficava a 19 milhões anos-luz dali.

A LONDON estava agora em seu caminho de volta. Demoraria cerca de três semanas para chegar à Via Láctea. Mas a coisa mais importante era que a sua odisseia se aproximava do fim.

A aventura causada pelo sequestro dos filhos da fonte de matéria, que os levou a Saggittor e a um universo paralelo no passado tinha acabado. Os galácticos tinham encontrado nos saggittonenses novos amigos e parceiros comerciais.

Mas Perry Rhodan não tinha esquecido as palavras de Rodrom. Ele tinha certeza de que um dia ele encontraria novamente com ele.

A partir das crônicas

Jaaron Jargon

 

  1. Capítulo 1 

O voo de regresso da LONDON.

 

8 de dezembro de 1285 NCG

 

Rosan estava no parapeito e olhava com ar sonhador para o céu artificial, criado pela sintrônica de bordo da LONDON. A pequena estrela artificial foi ativada e a temperatura se elevou proporcionalmente nos conveses exteriores da chamada embarcação de luxo. O oxigênio fora enriquecido com uma ligeira salinidade. Havia também o som das ondas e uma projeção de um mar infinito. Rosan tinha a sensação de que ela estava num barco de verdade atravessado o oceano.

Ela olhou para as pessoas que fizeram esta fantástica viagem. Arno Gaton tinha prometido a todos os passageiros um desconto de até cinquenta por cento. Isto acalmou tanto os passageiros irritados, como também os aterrorizados. A viagem da Liga Hanseática Cósmica quase se tornara um fiasco. Ironicamente, Perry Rhodan só tinha o que agradecer pela jornada proveitosa. Perry Rhodan tinha derrotado Rodrom com a ajuda de Sam, Aurec, Wyll e Rosan. Ele tinha de admitir que muitas coincidências felizes tinham acontecido, por causa do sequestro da LONDON por Dannos, sem elas, ele estaria perdido.

Quase todos a bordo estavam em débito de gratidão com ele. Mas nem todos. Seu tio Spector acreditava que Rhodan era a razão para toda a sua miséria. Ele argumentou que sem Rhodan, Rodrom nunca teria ficado interessado na LONDON.

Certamente ele não queria admitir que, se não fosse pela natureza assertiva e tranquilizadora de Rhodan, Dannos já teria realizado seus planos, o que significaria o fim para muitos.

Além disso, ninguém tinha o direito de culpar Perry Rhodan pela malignidade de Rodrom. Mas esse sempre foi um mau hábito dos arcônidas.

Esta ingratidão os excitava. Eles se consideravam a elite da Via Láctea que sempre estava acima da população em geral, mas, em face ao Cosmo, eles eram somente poeira. Pequenos e insignificantes, mas, por se considerarem tão importantes, faziam que a vida dos outros fosse muito mais difícil.

E mesmo assim eles não eram nada sem os seus servos obedientes que estimulavam a ganância dos seus senhores, na esperança de um dia ascenderem a uma semelhante posição fantasiosa. Rosan de muito bom grado renunciara a riqueza e ao glamour das autoproclamadas elites.

Ela só pensava em seu futuro. Nesta viagem, muitas coisas aconteceram. Wyll Nordment havia mudado a sua vida muito mais do que as aventuras das últimas semanas. Ele havia mostrado a ela como a vida podia ser bela, mesmo, longe dos Orbanashol e das etiquetas dos arcônidas. Ela estava cansada de ter que cantar todas as manhãs o hino arcônida. Pela glória e poder de Árcon — ela não tolerava mais a arrogância de Attakus.

Wyll e Rosan ficaram de fato cada vez mais íntimos, mas não tinham achado o momento certo para desfrutar corretamente do seu amor. Só que agora ambos tinham tempo para pensar sobre si mesmos e seu futuro em comum. Rosan queria uma vez mais ficar sozinha por um tempo, a fim de por em ordem seus sentimentos.

Ela amava Wyll mais do que qualquer outra coisa e estava firmemente convencida de que eles poderiam ser felizes juntos. Só que ela estava com medo de sua família. Spector e Attakus Orbanashol, para destruir a sua felicidade, não deixariam pedra sobre pedra. Por isso, às vezes ela acreditava que Wyll ficaria melhor sem ela.

Como gesto de agradecimento, Wyll conseguirá uma melhor acomodação, pelo menos, mas a sua nomeação como navegador ainda havia sido negada. A acusação de cumplicidade no rapto da LONDON e a agressão contra Attakus Orbanashol, porém, caiu por causa da contribuição significativa de Wyll no resgate da LONDON.

 

***

 

A nova cabine de Wyll Nordment era um pouco mais confortável do que seus aposentos provisórios. A cama era macia. Se tivessem mantidos seus móveis antigos de energia de forma, ele não teria se importado, pois a falta do reboque duro tinha lhe trazido de volta a dor nas costas. Wyll se deitara na sua aconchegante cama e cruzara os braços atrás da cabeça.

É claro, pensava em Rosan. Ele a amava e queria passar o resto de sua vida com ela. Ele não tinha medo dos Orbanashol. A única coisa que faltava, no momento, era um trabalho. Ele não acreditava que ele poderia voltar para a Liga Hanseática novamente.

Claro, nenhum homem na Terra tinha que morrer de fome e Wyll tinha certeza de que ele conseguiria um emprego em qualquer espaçonave, mas, então, também havia Rosan? Mesmo que ele não quisesse admitir isso, ela estava acostumada a um determinado padrão de vida.

Wyll não queria, que ela desistisse de tudo, só por causa dele.

Ele suspirou alto. Então olhou para o seu relógio. Já eram 20h40min. Ele decidiu ir até Rosan, para falar com ela sobre tudo.

 

***

 

Perry Rhodan e Sam se sentaram no camarote de Rhodan e desfrutaram da tranquilidade do ambiente. Para Rhodan experiências deste tipo não eram nada incomuns, mas Sam precisava desses períodos de calma. Rhodan não lhe dera isso desde a saída da galáxia Saggittor.

O camelotiano pensava sobre seus novos aliados e no seu povo. Desde que a LONDON estava em seu caminho de volta à Via Láctea, ele começara a refletir cada vez mais nisso em seus períodos de descanso. Os saggittonenses e seu líder carismático Aurec, que se tornara um bom amigo; ele se lembrou também de outras pessoas e um amigo que estava, no entanto, há muito desaparecido na escuridão da história: o ganjásico Ovaron.

Quanto mais pensava sobre seu novo aliado, mais ele o comparava com o ganjo. Aurec fora preso como Ovaron e estava ansioso para lutar na missão de sua vida, para um futuro pacífico e unido do seu povo.

Ele tinha certeza de que o episódio do transmissor estelar seria apenas o início de uma cooperação intensa com Saggittor, e que isto abriria a possibilidade de uma troca intensiva de informações militares, culturais e econômicas. Da mesma forma, no entanto, ele também tinha a sensação que encontraria Rodrom novamente em um futuro próximo. As últimas palavras da entidade foram claras e pendiam como uma ameaça no escuro sobre ele e as demais pessoas: guerra sem trégua.

Sam tinha adormecido. O diplomata e político somerense lutara bravamente. Ele era digno ser um camelotiano. Perry considerou uma futura cooperação com ele.

Ele ainda não tinha certeza onde exatamente ele poderia usar Sam. Mas ele estava trabalhando num plano de longo prazo, a volta da paz na Via Láctea. Uma tarefa verdadeiramente difícil, mas Sam poderia ser a peça que faltava.

Rhodan pegou um cobertor e colocou-o sobre o ser pássaro. Ele não tinha necessidade de acordá-lo. Ele não se incomodava se o somerense passasse o período de descanso em sua cabine. Os eventos passados o incomodavam muito e ele não conseguia dormir. Finalmente, ele deixou seu alojamento e começou a passear sem rumo pela espaçonave.

No caminho, ele percebeu quão bela era a LONDON, na verdade, e ele estava feliz de que a espaçonave não tinha sofrido nenhum dano grave. Mas ele ainda estava preocupado com a segurança dos passageiros da embarcação de luxo. Esta provavelmente só estaria garantida quando a LONDON chegasse com segurança em órbita ao redor da Terra.

Perdido em pensamentos, ele não perceberá que tinha feito seu caminho para o salão estelar. Acima dele arqueava-se a poderosa cúpula de vidro de alta densidade, que protegia a todos do vazio do espaço exterior por uma camada adicional de proteção de energia de forma. Seu olhar foi magicamente atraído pela projeção do espaço intergaláctico, gerada durante o voo metagrav, a imagem mostrava uma visão clara da estrutura normal do espaço-tempo. Lentamente, ele deixou-se afundar numa poltrona de energia de forma, olhando distraidamente para o firmamento impressionante.

Com um sinal de mão, ele chamou uma atendente, em seguida uma garçonete com muito pouca roupa veio até ele. A moça alta com a pele cor de cobre e cabelo oxigenado verde o encarou por um momento, totalmente atônita, antes dela se recompor e perguntar por seu pedido.

— Você poderia me trazer uma garrafa de Vurguzz, uma garrafa de água e um copo?

Mais uma vez, a jovem pareceu completamente fora de sintonia e levou alguns momentos antes de ela confirmar o seu pedido.

— Com prazer Administrador-Geral... muito, muito obrigada! — Ela gaguejou confusa.

— Administrador-Geral, já não existe mais, foi em outro tempo, e em outra vida. Agora eu sou apenas Perry, Perry simplesmente — ele disse a ela.

Seu olhar parou por um momento sobre ele antes de ela sair apressada. Rhodan olhou atrás dela, perguntando-se de qual planeta ela era originária. A partir de sua memória surgiu a imagem de um gigante de dois metros de altura com as mesmas características externas, Arl Tratlo, o trimatador. O especialista da USO tinha desempenhado um papel na luta contra os senhores da galáxia e tinha morrido a quase 2.500 anos atrás.1

A jovem tinha que ter vindo como Tratlo, do planeta Meredi IV que ficava cerca de 500 anos-luz da posição originária da Terra.

Pouco tempo depois a garçonete voltou e, com um sorriso tímido, entregou-lhe a bebida desejada.

Com um — Obrigado! — murmurado, ele disse adeus à merediense e pegou as garrafas, incluindo o copo. Serviu-se de uma bebida, desfrutando o aroma do licor verde das bagas de vurga. Depois que ele tinha esvaziado o copo em pequenos goles, ele se inclinou para trás e pegou o seu picosin. Ele buscou os dados dos saggittonenses e deixou o pequeno computador fazer a compilação dos dados.

Rhodan novamente se serviu de um copo Vurguzz que ele esvaziou com um gole.

Embora já estivesse esperado este resultado, a confirmação de sua premonição o surpreendeu. A avaliação do código genético e as sequências de DNA dos saggittonenses tinham uma ligação de grande alcance com o material genético dos terranos, em suma, Aurec e seu povo eram, assim como os cappins, varganos ou wyngers, geneticamente compatíveis com os povos lemurenses da Via Láctea, eles poderiam ter descendência comum sem manipulação genética. Assim Tudo apontava para um ancestral comum. Mas onde estaria a origem da Humanidade e que papel eles interpretaram no Cosmo?

Teria a lenda de V’aupertir sobre a origem de todos os povos humanoides um núcleo de verdade?2

Rhodan sentiu uma vertigem pelas consequências. Caso a antiga profecia de AQUILO fosse interpretada no sentido de que a Humanidade estava para iniciar a “Herança” de seus ancestrais num futuro distante? E qual era o papel que ele realmente interpretava neste jogo?

Pelo menos uma coisa tornou-se clara para ele: o sequestro da LONDON aparentemente tinha servido ao propósito de afastá-lo. De alguma forma ele tinha se colocado no caminho dos planos de alguma entidade desconhecida.

Finalmente ele percebeu que a sua mente estava cansada. Ele decidiu ir para a sua cabine e, finalmente, encontrar o seu sono merecido. Ele cruzou agora o deserto salão estelar e atingiu indiretamente, através do “convés principal”, que também tinha um teto transparente, a sua cabine, onde Sam dormia tranquilamente como antes numa poltrona. Rhodan deitou-se na cama e se cobriu com o acolchoado oferecido apenas as instalações de luxo. Um pouco mais tarde fechou os olhos e caiu no sono.

 

***

 

James Holling e Arno Gaton sentaram-se juntos numa das muitas salas de jantar. Este era um homem destinado a pequenas refeições. Eles descansaram em duas cadeiras castanhas escuras, bem confortáveis e com braços largos. Diante deles estava uma pequena mesa de madeira esverdeada de fasit3. Ambos bebiam uma xícara de cappuccino de uma receita siganesa.

Gaton estava de bom humor.

— É mesmo um bom negócio para a Terra. Isto nos permitirá voar uma vez mais para o Sistema Solar. Com fogos de artifício, você entrará na sua aposentadoria. Como o heroico comandante da LONDON! Isto não parece bom?

O velho plofosense se inclinou para trás. Claro, ele queria uma despedida gloriosa. Em última análise, Gaton estava certo. Se nada acontecesse. Ele sorriu e estendeu a mão para o copo. Em seguida, ele cutucou Gaton.

— Meu último voo.

Gaton fez uma cara feliz.

— E por que não.

Os dois se sentaram por um tempo na sala e observaram os passageiros.

— Sabe, na minha longa carreira na frota espacial tudo já me aconteceu. Faltou apenas uma coisa — murmurou Holling.

Gaton olhou para ele com curiosidade.

— Nenhum acidente espacial. Nenhuma destruição de espaçonave.

Gaton riu alto. — Provavelmente não acontecerá.

O porta-voz da Liga Hanseática tomou um longo gole do copo e saiu. Holling permaneceu em sua cadeira e balançou ligeiramente com a cabeça para trás e para frente.

 

***

 

Os Orbanashol sentaram-se numa nuvem de fumaça de charuto juntamente com o patriarca mehandor Kolipot, o apaserense Tuerkalyl Oebbysun e o embaixador tópsida Terek-Orn para uma bebida à noite. Até mesmo o banqueiro terrano Jakko Mathyl e outros empresários influentes estavam na sala de luxo com lareira artificial. Eles discutiam a reação econômica do mercado ao desaparecimento da LONDON.

— Agora seria o melhor momento para comprar ações da liga hanseática. Pelo que se é conhecido em casa, o valor está provavelmente muito baixo. Comprar agora antes que a LONDON entre na Via Láctea e Gaton anuncie o acordo da liga Hanseática com Saggittor o ganho será inestimável — observou Mathyl e bebeu o copo de uísque.

— Podemos mandar alguém com um space-jet na frente — sugeriu Kolipost.

— Utilização de informação privilegiada é crime — acusou Oebbysun em tom estridente.

Mathyl concordou enquanto o saltador desdenhosamente franziu o rosto e resmungou.

— Só se você for pego. Caso contrário, seria um negócio normal de um empresário sábio e clarividente.

— Eu concordo com o meu amigo mehandor — disse Mathyl. — O que a aristocracia de Árcon diz disso? Algum dinheiro extra nunca é demais, certo?

No entanto Attakus Orbanashol não estava atento. Ele se escondia em sua cadeira, segurando um copo vazio na mão.

— O que você quer dizer — respondeu Attakus perdido em pensamentos. O aristocrata acenou para Hermon da Zhart. O arcônida de rosto anguloso se aproximou de seu mestre e se curvou.

— O que posso fazer por você? — perguntou o servo da família.

— Precisamos de um plano. Eu quero Rosan de volta!

Zhart revirou os olhos. Ele estava cansado deste tópico. Em sua opinião, a mestiça não estava a altura do Zhdopanda Attakus. Mas ele não se atreveu a expressar essa crítica.

— Já tentei de tudo. É Inútil — declarou ele, mais ou menos diplomaticamente.

Attakus levantou-se e atravessou a sala com raiva. Os outros olharam para ele, estupefatos.

Jakko Mathyl sussurrou algo ao delegado tópsida. Ele soltou um zumbido baixo, gutural para si mesmo.

Attakus parou subitamente. — Tive uma ideia. Zhart, siga-me!

Os dois deixaram a sala rapidamente. Spector olhou para seu sobrinho com desprezo. Ele não gostava do modo como Attakus corria atrás de Rosan. Spector teria reagido de forma diferente se estivesse na posição de Attakus. Ele faria com que a mulher que ousara rejeitá-lo fosse eliminada.

Isto não era amor, mas orgulho ferido. Attakus havia perdido a sua propriedade. E perder algo era o que mais incomodava o sobrinho de Spector.

Spector por sua vez já estava planejando contratar um assassino para Rosan Orbanashol, uma vez que eles voltassem para Árcon. Não importava se ela optaria por Attakus ou Wyll Nordment. Para Spector Orbanashol, o destino de sua enteada odiada e desprezível já estava selado.

Ele não falará sobre isso com ninguém. Nem mesmo com a sua esposa Thorina. Ele temia que ela poderia de repente ter sentimentos maternos e usar seu veto contra o projeto.

Por isso, por enquanto, ficaria tudo inalterável para todos. Spector já queria contratar o assassino, mas não havia ninguém a bordo disponível, e para ele também era taticamente imprudente. Ele seria um dos principais suspeitos, se algo acontecesse com ela. Especialmente numa área limitada, tal como na LONDON. No entanto, um assassino contratado poderia matá-la na Terra enquanto Spector estava assentado no Gos’Ranton lendo um jornal.

 

***

 

Attakus e Zhart foram para a sua suíte de luxo. Eles ativaram o bloqueio da porta, certificando-se de que não havia nenhum servo ao redor para ouvi-los.

— Nordment tem pavio curto — Attakus disse rapidamente, enquanto se sentava a mesa circular de vidro ghama4 transparente.

Zhart ergueu as sobrancelhas e concordou.

— Qualquer um pode notar isso. No entanto, e daí? — Quis saber o mordomo da família Orbanashol.

— Nós vamos provocá-lo novamente – em público, depois uma tentativa de assassinato será exercida contra mim — disse Attakus. — Eu sobreviverei é claro, mas as provas na cena do crime apontaram para Wyll Nordment. Por amor Rosan vai querer livrá-lo do seu malvado primo arcônida que quer prendê-lo. Por amor ao terrano, ela fará quase tudo.

— É algo que eu possa providenciar com facilidade. Acho que isso pode funcionar desta vez — disse Hermon de Zhart.

 

***

 

Shel Norkat sentou-se sozinha em seu quarto. Ela ponderou sobre as coisas que tinham feito. Agora ela se lamentava.

Shel tivera uma recaída aos seus velhos hábitos. Tempos em que festas, drogas, álcool e sexo eram mais importantes do que qualquer outra coisa. Ela tinha ido a LONDON para esquecer os velhos tempos. Mas, em vez de permanecer com Aurec na celebração, ela tinha paquerado um terrano, tomara drogas e desempenhara o papel principal num ménage à tróis.

Ela só queria esquecer tudo por uma noite. Toda a odisseia tinha sido terrível para ela. Ela acabara de se levantar ao lado dele e procurara por uma distração.

Shel tinha tentado compensar seu passo em falso novamente, mas isso não tinha qualquer sentido. Aurec tinha perdido seu interesse por ela. Nada mais restara para ela do que voar de volta para a Terra. Só nos últimos dias do voo de regresso que ela percebeu que nunca teria tal oportunidade novamente. Ela se odiava por isso.

 

  1. Capítulo 2 

A vingança de Rodrom

 

Você acha que tudo já terminou? Você acha que vai se sair bem dessa? Fique com essa crença. Nada será mais gratificante para mim do que a sua surpresa e seu horror diante da catástrofe inevitável. Ninguém se atreve a desafiar Rodrom. Mas não só você, Perry Rhodan, terá o meu castigo. Não, todos os 16.000 seres a bordo da LONDON pagarão. Eles vão enfrentar o Apocalipse, na esperança de uma absolvição, que nunca lhes será oferecida.

Você ouve os gritos? De homens, mulheres e crianças? Não, você não ouve? Mas você os ouvirá em breve. Porque o destino desta espaçonave está selado.

 

***

 

Wyll e Rosan estavam conversando num almoço no salão estelar. Eles haviam escolhido uma mesa flutuante, que lhes oferecia uma bela vista do salão e dos hologramas.

Rosan se encostou no corrimão e olhou para Wyll em expectativa.

Ele tirou a mão do bolso e a colocou sobre o ombro de Rosan.

— Eu conversei com o meu novo patrão — disse ele.

— E quem é esse?

— Um homem muito simpático. Ele me ofereceu o cargo de navegador chefe numa espaçonave.

Rosan olhou para Wyll, incrédula. — Isso é muito legal da parte dele, seja quem for.

— E têm mais, eu posso viver lá. Num apartamento grande e espaçoso, um bom salário e espaço para dois.

Ela começou a sorrir. Então ela colocou os braços ao redor da sua cintura.

— Quem e onde?

— Perry Rhodan e Camelot.

Rosan fez um gesto de surpresa. — Você pediu isto a Rhodan?

— E ele concordou. Em Camelot estaremos completamente seguros da sua família.

— Sob essas circunstâncias, eu gostaria de passar minha vida inteira com você, Wyll Nordment!

Rosan o beijou apaixonadamente. Agora seus sonhos se tornaram realidade. Nada mais poderia ficar no caminho da sua felicidade.

 

***

 

Então, vocês estão felizes e se regozijando, suas patéticas criaturas atávicas na LONDON. Aliviadas por tudo ter acabado. Vocês pensam que estão em segurança.

Mas não por muito tempo, logo mais vocês vão engasgar por gritos de dor. Minha vingança os visitará muito em breve.

E mesmo em mil anos será lembrado com admiração o destino da LONDON. E todos saberão quem selou o seu destino.

Foi a encarnação de MODROR.

Foi Rodrom...

 

***

 

09 de dezembro de 1285 NCG

A LONDON voou com a velocidade de milhões de anos-luz pelo espaço sideral. Era como se o comandante tentasse estabelecer um novo recorde de velocidade. De acordo com os últimos cálculos, a LONDON alcançaria a Via Láctea em duas semanas.

No entanto, o acumulador gravitraf estava quase vazio. Holling determinou que na noite de 09 de dezembro a LONDON deixaria o hiperespaço, para recarregar a sua reserva.

Perry Rhodan e Sam passaram muito tempo juntos. Eles falaram nas últimas semanas sobre o futuro da Via Láctea. Havia muito o que fazer. Perry Rhodan estava tranquilo. De qualquer modo, o voo de regresso ocorria sem incidentes, tudo estava tranquilo.

O dia foi passado de forma relativamente rápida e se aproximava a hora do jantar. Desta vez, toda a aristocracia com poder e dinheiro estava reunida em suas mesas novamente. A banda tocava a valsa Ark’Tussan.

Perry Rhodan estava encantado com a conversa inconsequente na mesa e o jogo conspiratório dos Orbanashol contra Wyll e Rosan. Essa foi uma mudança deliciosa e não tinha nada a ver com entidades cósmicas.

Gaton se perguntava, como produzir um filme sobre as aventuras da LONDON, que começaria a ser exibido simultaneamente em todos os mundos centrais da Via Láctea. Rhodan não ficou surpreso com a conversa do orador da Liga Hanseática.

— E que tipo de macaco vai interpretar o papel de Wyll Nordment? — Attakus interrompeu. — Ou há atores terranos que são especializados no roubo de mulheres de nobres arcônidas?

Wyll se sobressaltou imediatamente. Antes que Gaton pudesse responder, Nordment já havia se levantado e pedia satisfações a Attakus.

— Desta vez eu vou encher a sua boca de porrada! — gritou Wyll.

Rosan o agarrou e puxou-o para a cadeira novamente.

— Calma, querido. Você não vê que ele só quer provocá-lo?

— Isso foi uma ameaça de morte! Todos vocês ouviram isso! — Orbanashol proclamou pelo salão. Então ele se levantou e saiu do salão.

Zhart dirigiu algumas palavras aos vizinhos da mesa: — O senhor Attakus Orbanashol está tão chocado com o comportamento deste elemento Nordment que, sentar com ele numa mesa não seria conciliatório com a sua honra.

Gaton tentou se desculpar, mas Zhart se dirigiu arrogantemente em direção à saída do salão. O porta-voz Hanseático acusou Nordment, com um olhar irritado.

— Se você não estivesse sob a proteção de Perry Rhodan, eu o jogaria para fora pela eclusa!

— Mais uma noite agradável — disse Sam sarcasticamente. — Eu acho que é melhor eu ir para a minha cabine e ouvir um pouco de William.

O somerense se levantou, se despediu educadamente e saiu com passos finos pelo corredor.

Wyll inclinou a cabeça. — Eu sinto muito, Rosan.

Rosan balançou a cabeça.

— Temos que trabalhar um pouco no seu temperamento — disse ela com um sorriso. — Vamos, eu sei onde podemos ir!

Ela tomou Wyll pela mão. Os dois caminhavam pelo salão estelar por seis conveses da sala de jantar principal até o “ninho dos peepsies”. Fora lá que Wyll se encontrara com ela há pouco mais de um mês e – pelo menos até a peleja com Tett Chowfor – tivera a mais bela noite de sua vida.

— Quero comemorar novamente hoje como foi naquele momento.

A banda apresentou uma noite julziisch-terrana. Um blue cantou uma antiga canção terrana, com a sua voz estridente. Mas ele conquistou o público, que exigiu um bis.

Ao som da música, um menino unitro dançava com uma criança julziisch na pista de dança, Rosan já os conhecia. O ertrusiano voltou a ficar bêbado. O peepsie sentou-se também no bar e balançava com a cerveja para frente e para trás. Desta vez, porém Rosan manteve a distância dele.

Ela dançou com Wyll por toda a noite. Ela não queria pensar sobre Attakus, Spector ou a sua mãe. Eram só ela e Wyll.

 

***

 

O fim está próximo. O último capítulo foi iniciado. O frio e a morte aguardam a LONDON.

A figura vermelha materializou-se no departamento de segurança da LONDON. Era uma ridícula instalação. A equipe de plantão registrou com um ponto minúsculo a chegada de Rodrom, nada mais. Antes de sua visita os técnicos zievohnes enviaram um vírus para obter o controle da sintrônica da LONDON. Então, o robô de vigilância obedecia apenas as instruções de Rodrom.

Era fácil controlar o vírus, porque os zievohnes o projetaram a partir de uma versão modificada da Mordred originalmente disponibilizada para Cau Thon. Claro, nem Cauthon Despair, nem a Mordred ou mesmo os simplórios filhos da fonte de matéria sabiam sobre isso.

A LONDON obedecia a Rodrom. Mas não era aconselhável jogar muitos trunfos numa única mão. Rodrom entrou no bloco de detenção improvisado. As celas não foram projetadas para os duzentos filhos da fonte de matéria. Assim as cabines de detenção foram instaladas nos depósitos de armazenamento, juntamente com um centro de segurança reformado.

O ertrusiano Bogo Prollig estava de vigia. Ele se levantou para questionar Rodrom.

— O que você quer? — ele perguntou rispidamente.

Rodrom o influenciou sugestivamente. Foi fácil para ele. Prollig afastou-se e deixou o vermelho em paz.

A encarnação desativou os campos defensivos energéticos diante das celas dos filhos da fonte de matéria. Surpreso, o grupo saiu das celas improvisadas, aproveitando que o campo defensivo fora desligado.

O guru da seita Dannos aproximou-se do ser vermelho.

— Quem é você?

— Seu deus — respondeu Rodrom.

Rodrom deixou as suas forças psiônicas agirem sobre o líder da seita. Dannos continuou falando com ele, sem sequer notar a influência.

— Sinta o equilíbrio da energia cósmica, meu filho! Eu sou o seu caminho para fonte de matéria. Siga as minhas instruções e para você e seus discípulos haverá um final feliz.

Em seguida, Dannos fez um gesto de reverência.

— Senhor, me diga o que eu posso fazer? — perguntou o homem calvo.

Rodrom vagou pelo espaço. Enquanto isso, o resto dos filhos da fonte de matéria eram libertados das celas. Prollig estava em transe na entrada do bloco, e olhou para fora a procura de pessoas indesejáveis.

Em seguida, Rodrom se dirigiu a Dannos. — Vocês são muito poucos para a sua viagem cósmica. Você precisa de mais almas para ascender a fonte de matéria. Pelo menos mais 16.000 vidas.

Dannos olhava para o chão. Ele ficou chocado com esta declaração. Tudo o que ele tinha feito, em última análise, fora em vão?

Então, ele teve uma ideia. — Senhor, Temos seres suficientes na LONDON que poderíamos usar.

Rodrom confirmou isso.

— Mas isso talvez não seja do interesse dessas pessoas — ele admitiu esta possibilidade. Ele esperou a reação de Dannos e seus companheiros.

O guru olhou para seus filhos da fonte de matéria. — Eles vão entender depois que eles se tornarem parte da fonte de matéria. Em seguida, eles ficarão tão felizes que nem lamentaram a perda da sua miserável existência neste universo.

Os olhos de Dannos brilharam novamente com o mesmo fanatismo que lhe dera ânimo para realizar o rapto da LONDON.

— Então eles não deveriam deixar esta espaçonave — foram as palavras de Rodrom.

— Mas como podemos evitar isso? Um novo sequestro?

— Algo do tipo. Seu trabalho é sabotar todas as naves auxiliares e space-jets desta forma eles não poderão sair da espaçonave. Se possível, vocês devem sabotar discretamente, pois, seria o melhor para a sua ascensão.

Agora, no entanto, Stellara Chowfor interveio.

— Mas as crianças não devem ser prejudicadas. Eles devem desfrutar de suas vidas, até que elas próprias cheguem à conclusão de que a vida como uma entidade é mais bonita — ela sussurrou com voz estridente.

Rodrom ficou confuso com a intervenção desta mulher e até com raiva. No entanto Dannos assegurou a Stellara que nada aconteceria as crianças durante um novo sequestro. Ele buscou a confirmação de Rodrom.

— Naturalmente, aos pequeninos nada acontecerá — mentiu a entidade. — Eu pessoalmente os protegerei com uma mega esfera hipercósmica — continuou o vermelho com um toque de sarcasmo.

— Assim seja! — Dannos falou e apertou as suas mãos.

Ele finalmente se sentiu perto do objetivo de seus sonhos. Claro, Rodrom não mencionou que a sintrônica estava sob seu controle. Ele sugeriu que os filhos usassem a rede de transmissores para chegar ao hangar rapidamente. Nem a sintrônica de bordo nem o pessoal da segurança da LONDON debaixo do seu controle sugestivo, soaria o alarme.

Os filhos da fonte de matéria começaram a trabalhar destruindo os motores das 100 cápsulas de salvamento, naves auxiliares, e space-jets.

No entanto, eles não trabalhavam sob orientação da ordem cósmica. Eles também nunca teriam a chance de chegar mesmo perto de uma fonte de matéria. Eles eram apenas peões num tabuleiro de xadrez.

O xadrez de Rodrom.

Rodrom supervisionou o trabalho, sem ajuda os seguidores de Dannos não encontrariam os geradores das unidades, e muito menos saberiam como destrui-los. Rodrom também poderia levar uma unidade de elite dos skurits a bordo da LONDON, mas ele sentiu que seria mais irônico se os filhos da fonte de matéria cavassem, eles mesmos, os túmulos dos passageiros e tripulantes.

Quando o trabalho foi feito após uma hora, todos voltaram para as suas celas. Rodrom soltou Prollig e seu pessoal do controle espiritual e voltou para a WORDON, que estava afastada da LONDON por alguns anos-luz.

No centro de comando da WORDON havia grande excitação. Todos estavam solícitos em executar o mais rapidamente possível o plano de Rodrom.

Zukkth relatou ao seu comandante.

— Senhor, a proteção contra localização está perfeita. A camuflagem como asteroide é boa. Agorá só temos que esperar que a LONDON deixe o hiperespaço.

Rodrom vagou pela central de comando. Em seguida, ele foi para a sua cadeira grande, que se assemelhava mais a um trono e sentou-se. Como ele odiava este corpo. Mesmo esta existência semifísica o incomodava, porque ele sentia as fraquezas de um ser normal. Ele sentiu a necessidade de se sentar, porque as suas pernas se cansaram. Neste tipo de banalidade, ele não tinha que pensar enquanto era um ser imaterial.

Seu olhar percorreu o vasto espaço.

— A parada vai ser hoje. A sintrônica da LONDON vai cuidar disso. Por volta das 23h30min pelo tempo padrão galáctico o capítulo final da LONDON será escrito.

A WORDON tomou impulso. Rodrom deu as coordenadas do sistema estelar. Lá, onde o confronto ocorreria.

A estrela selecionada estava mal localizada no espaço intergaláctico entre IC 342 e Cata-vento. A sintrônica da LONDON sairia automaticamente nessas coordenadas do hiperespaço para reabastecer o acumulador gravitraf.

O sistema era absolutamente insignificante. Uma grande estrela azul oferecia luz e calor a quatro planetas. Três deles eram estéreis, planetas desertos, enquanto o quarto era um mundo de água, sem massas de terra.

Esse era o objetivo da WORDON. Lá, ela deveria esperar a LONDON. Rodrom esperou febrilmente pelo cumprimento da sua vingança. Embora ele tivesse perdido uma batalha, a guerra estava longe de ser decidida. Mesmo se Rhodan sobrevivesse novamente, Rodrom marcaria seu nome com sangue, assim cada um dos galácticos pensaria nele com medo e respeito. Em seguida, ele derramaria sangue de Sargomoph — pela morte de Rhodan. Cau Thon trabalhava em várias frentes para completar a primeira fase do plano grandioso de MODROR. De qualquer maneira, Rhodan perderia!

 

  1. Capítulo 3 

A calma antes da tempestade vermelha

 

Rosan e Wyll estavam exaustos. Eles saíram do pequeno ninho e foram para os chamados pavimentos exteriores que ficavam abaixo da cúpula, permitindo, assim, a vista para o espaço sideral. A LONDON saíra do hiperespaço. As estrelas ficaram visíveis. Uma estrela brilhava azul e um planeta oceânico brilhava no firmamento. Era uma bela vista.

Os dois se beijaram.

— Wyll, agora eu vou dizer a minha família que eu ficarei permanentemente com você — anunciou Rosan. — Vamos para minha suíte e eu escreverei uma carta. E também vou pegar minhas coisas.

Wyll sorriu. — Vamos juntos. Enquanto não temos Zhart ou o seu naat no nosso caminho.

Os dois estavam de mãos dadas no interior da Suíte dos Orbanashol na LONDON.

 

***

 

A sintrônica relatou automaticamente que o reabastecimento do acumulador gravitraf era necessário. Ela tinha definido a data e o local de entrada para o universo normal. A LONDON se dirigiu para o planeta aquático de 674.500 quilômetros no espaço sideral. O comandante James Holling estava satisfeito, até este ponto a sintrônica, trabalhava mais ou menos bem. Alex Moindrew iniciou o “reabastecimento” e monitorou os procedimentos pela sintrônica.

Holling dirigiu-se para o planeta oceânico, para ter algo para oferecer aos passageiros durante abastecimento hipertrop. Em seguida, ele virou-se para seu primeiro-oficial Evan Rudocc.

— Rudocc, por favor, fique de vigília. — O plofosense de 175 anos de idade sentiu uma leve dor de cabeça,

— Ok, senhor. Pode deixar — disse o primeiro-oficial. Então ele se lembrou, de outra coisa que ele queria dizer. — O localizador ainda não está funcionando. Nós devíamos ter aceitado a oferta dos saggittonenses. É em parte um voo cego. O localizador de curta distância está novamente defeituoso desde esta manhã. Gostaria de sugerir que nós reestabelecêssemos a vigia por telescópios improvisados nas torres que nos manterá seguros de asteroides ou coisas semelhantes.

Holling coçou as suas barbas. Uma espaçonave tão gigantesca sem localizador! Era uma piada. Mas ele precisa fazer o melhor com que se tinha.

— Sim, faça isso. Use os telescópios... é certamente uma boa ideia — ele concordou, já cansado.

Em seguida, ele saiu da central de comando para a sua cabine. Ele agora queria escrever seu discurso de despedida. Para isso, ele precisava de muito descanso porque discursos artificiais não eram de seu feitio.

Rudocc ordenou a Jon Maskott e Garl Spechdt a ocuparem a primeira vigia. Um telescópio de três metros de espessura foi montado dentro de quinze minutos numa torre de manutenção acima da cúpula de vidro.

— Ideia completamente idiota. Mas o que fazer — disse Maskott.

— Bobagem, eu posso ver asteroides e espaçonaves alienígenas até alguns anos-luz — rebateu o operador de localizador se opondo.

Maskott balançou a cabeça com um sorriso.

O engenheiro-chefe Alex Moindrew informou agora que o processo de carregamento começara. O horizonte ficou colorido numa variedade de tons. A energia fluiu no sugador hipertrop.

O processo levaria cerca de duas horas. Talvez apenas 90 minutos. De qualquer forma, enquanto os passageiros ficariam apreciando a vista do planeta oceânico, do qual a LONDON se aproximava lentamente. Rudocc teria o dia de amanhã livre. Ele já pensava sobre o que ele queria fazer naquele dia.

 

***

No caminho para a cabine de Rosan, Wyll se encontrou com um grupo de duas dúzias de passageiros. Uma arcônida alta com tez pálida acenou para Rosan. Era Terza da Mindros. Rosan também reconheceu as crianças de Terza, Carba de nove anos e a jovem Esrana de sete anos. Os três estavam com um grupo de passageiros num poço antigravitacional. Aparentemente estavam diante de um guia. Arno Gaton tinha arranjado essas excursões, a fim de manter os passageiros entretidos.

Terza da Mindros pertencia à baixa nobreza. A sua família sempre evitava os Mindros, embora seu marido fosse um maskant altamente condecorado e famoso da Frota de Cristal. No entanto, aos olhos dos Orbanashol, eles eram pessoas ordinárias a quem educadamente se diz bom dia e, em seguida, vira a cara para o outro lado.

— Para onde vais? — perguntou Terza suavemente.

— Para minha cabine. Eu tenho algo importante a esclarecer lá — disse Rosan.

Terza olhou para Wyll e olhou para ela com um leve sorriso.

— Então este é o Bras’cooi, que humilhou os Orbanashol. Que divertido.

Wyll limpou a garganta.

— E para onde você está indo? — Rosan finalmente perguntou.

— Oh, nós concordamos num passeio turístico com o dr. Talbot e a sua equipe aos conveses inferiores. Mesmo que seja tarde, pois o tempo de qualquer maneira no espaço é relativo.

Rosan desejou bons momentos ao grupo. O médico e vice-diretor de cruzeiro chegaram e o passeio começou.

— Que mudança, uma arcônida amigável — disse Wyll, quando o grupo e eles se separaram.

— Oh, eu não sou amigável?

Ambos tiveram que rir. Após um tempo Rosan e Wyll alcançaram a sua cabine. Ela remexeu na gaveta, tirou algumas joias preciosas e embalou-as em sua bolsa.

— Quem sabe, se as coisas não ficarem tão bem, podemos levá-las para uma casa de penhores — ela brincou.

Então ela pegou seu Gucky de pelúcia. Wyll olhou para Rosan com espanto.

— Eu ganhei do meu pai. Sou muito ligada a ele — explicou ela.

— Tudo bem — sorriu Wyll.

Ele olhou ao redor da sala, brincando com um abridor de cartas de ouro, mas ele se cortou acidentalmente.

Rosan mostrou-lhe onde ele poderia se tratar.

Ela escreveu uma nota de despedida e que ela estava determinada a passar o resto da viagem com Wyll e, em seguida, ir com ele para Camelot.

Neste momento, porém, Zhart chegou a cabine.

Ele olhou para Wyll e Rosan com desprezo. Ele havia processado rapidamente a sua surpresa inicial.

— Honrosa Rosan Orbanashol, Attakus quer lhe falar imediatamente. Eu tenho ordens de levá-la a ele imediatamente — disse ele com a arrogância habitual.

— Ela não vai a lugar nenhum! — Wyll virou-se para o mordomo.

Este lançou um olhar de desdém a Nordment. — Eu me devo repetir relutante, que é o desejo expresso de Attakus se conciliar com você. Sem o seu bárbaro Bras’cooi. Seria melhor ele sair da cabine, caso contrário eu chamarei a segurança pela invasão.

— Por mim, nós já falamos tudo que podia ser dito — rebateu Rosan e saiu.

Não só Zhart foi surpreendido por esta ação. Wyll também levou segundos para processar. Em seguida, ele jogou um travesseiro na direção de Zhart e saiu correndo. Eles saíram da cabine e caminharam por um corredor. Zhart perseguiu-os através dos corredores.

O casal passou correndo pelos passageiros atordoados e gritavam frequentemente uma desculpa. Eles se esconderam numa sala.

Mas Zhart os descobriu. A “caça” continuou.

— Ele é terrivelmente teimoso — gritou Wyll.

— Não é de admirar, ele fez parte mais cedo da PGPA5 e da segurança de cristal — disse Rosan, sem fôlego.

Eles saíram num corredor que levava ao salão estelar. Quando viram novamente Zhart, que corria e chegava ao átrio.

— Nós pegaremos o dispositivo antigravitacional — Wyll decidiu apressadamente.

Eles pularam no dispositivo antigravitacional e pairam com alguns passageiros que ficaram perplexos. Zhart continuou a perseguição e mergulhou no dispositivo antigravitacional. Wyll e Rosan pularam para fora no convés. Wyll arrastou-a com ele. Eles chegaram a rede de transmissores e definiram o hangar como a sua meta.

Tudo estava quieto lá. Não se via uma alma. Rosan e Wyll tiveram a certeza que Zhart não os seguia. O hangar mal iluminado escondia três space-jets e 25 naves auxiliares de pequeno porte, elas ofereciam lugar para 100 criaturas humanoides. Rosan lançou um sorriso revelador para Wyll e marchou direto para o space-jet. Ela abriu a escotilha e sentou-se no console. Wyll a seguiu e se sentou no controle.

— Para onde devemos ir?

— Para um belo planeta solitário só para nós dois.

Então Rosan e Wyll se abraçaram fortemente. Os dois se sentaram num assento na central de comando.

Ele a beijou amorosamente e começou a abrir seu conjunto. Os dois se afundaram em seu amor apaixonado. Eles gemeram, se abraçaram intimamente e se acariciaram apaixonadamente.

Mas, de repente Wyll parou quando viu os componentes no canto, que de fato pertenciam ao propulsor.

— O quê? Você mudou de ideia? — perguntou Rosan, intrigada.

Nordment pigarreou.

— Algo está errado com o space-jet. Alguém mexeu nele.

 

***

 

— Eu não pude encontrá-lo até agora — declarou Zhart, insatisfeito. — Eles são muito rápidos...

Attakus se resignou. Como os dois ousaram fazer isso? Ele era um nobre! Um arcônida! Como poderia Rosan humilhá-lo assim? Por que ela não o amava? O que este bárbaro ordinário tinha? Attakus correu com raiva através da cabine e bateu com o punho contra a parede.

— Maldição!

— Eu tenho medo que você tenha a perdido para sempre — disse Hermon da Zhart. O arcônida não pôs nenhum arrependimento em sua declaração. O jovem Orbanashol não se importava, se seu servo agora sentia compaixão por ele ou não. A principal coisa era Zhart lhe servir lealmente até a sua morte.

Attakus de repente viu o abridor de cartas ainda com um pouco de sangue.

— De quem é esse sangue?

Zhart pegou um analisador no quarto ao lado. Com a sua calma estoica ele ativou a unidade e digitalizou o DNA. Como um ex-funcionário do Serviço de segurança de cristal Zhart tinha seus caminhos para criar uma conexão com a sintrônica da LONDON. Apesar das muitas áreas defeituosas da sintrônica, ele conseguiu consultar o banco de dados do departamento. Cada membro da tripulação tivera que fazer um exame de sangue para identificação.

O velho arcônida teve a sua suspeita confirmada muito rapidamente. O teste mostrou que o sangue viera de Wyll Nordment.

Attakus começou a rir. Zhart não conseguia seguir seu pensamento. Ele olhou para seu Mestre interrogativamente.

— Agora temos uma prova que Wyll Nordment tentou assassinar-me.

 

  1. Capítulo 4 

A colisão

 

09 de dezembro 23h15min, tempo padrão

 

O acumulador gravitraf fora totalmente reabastecido. A LONDON entrou lentamente em movimento e preparou para o salto no hiperespaço.

Rudocc sentou-se com três outros membros da tripulação na ponte. Lá estavam o jovem navegador High Gellar, o operador de rádio Mugabe Sparks e o vice-chefe de segurança Uto Lichtern.

Rudocc bebeu um café e observou as estrelas. Eles estavam a 13.000 quilômetros acima da órbita do planeta de água azul e afastavam-se lentamente dele.

— Quanto tempo até à entrada no hiperespaço? — ele perguntou.

— Mais cinco minutos — High Gellar relatou.

Lichtern esticou-se um pouco. Rudocc olhou para o oficial com espanto. Que mal havia, pensou Rudocc, alegre. Ele praticava esportes o tempo todo.

— Vou usar meu tempo para uma corrida — sugeriu Lichtern.

Rudocc assentiu com a cabeça e tomou um gole do café, que estava terrivelmente quente. Então ele olhou para a vigia e teve que sorrir da situação. Onde havia uma coisa dessas? Uma vigia a bordo de uma espaçonave.

Bem, a LONDON é realmente um lugar curioso, ele meditou. Em seguida, ele sentiu um pouco de pena por Spechdt e Maskott na vigia.

No sugador hipertrop, o telescópio e o posto de vigia estavam anexados. Os dois homens estavam terrivelmente entediados.

— Devíamos ter o que jogar. — disse Maskott, mal-humorado. Impacientemente ele gesticulava e esperou uma reação de Spechdt, mas o chefe de localização não respondeu aos gestos de seu colega, pois estava olhando para o espaço. Ele viu algo sombrio se aproximando da LONDON.

Aquilo chegava cada vez mais perto. Aos poucos, ele reconheceu os contornos da estrutura volumosa. Era significativamente maior do que a LONDON. De repente ele entendeu!

— Oh Deus, um asteroide! — Ele gritou. Ele chamou imediatamente o centro de comando.

Gellar atendeu apenas após o quarto aviso.

— Centro de comando — ele respondeu.

— Aqui é Spechdt, há um asteroide na frente de nós. Ele vem direto para cá! Faça alguma coisa, homem. Agora! Ative o campo defensivo!

O oficial correu até Rudocc e disse-lhe. O asteroide estava agora visível a olho nu.

O oficial correu para a central de comando. Sparks saiu de seu posto de controle de rádio e estava prestes a tomar um gole de sua xícara de chá, mas Rudocc o empurrou para o lado.

— Chame a casa de máquinas, manobras evasivas. Pare tudo, vire à esquerda, agora!

Moindrew respondeu rapidamente e ativou o contraempuxo. A LONDON virou ligeiramente para a esquerda e já contornava o asteroide gigante.

— Vamos lá, vamos lá! — Rudocc implorou a espaçonave.

O asteroide tinha um comprimento de vários quilômetros. No entanto, ele não era redondo, mas em forma de cavilha. A LONDON se dirigia lentamente para ele.

— Ativar campo paratron — Rudocc murmurou baixinho e muito tarde. Tremendo o oficial de serviço ativou o campo defensivo.

Rudocc respirava. Agora, nada aconteceria. O campo paratron deteria qualquer colisão.

Sparks e o jovem Gellar olhavam hipnotizados para o corpo celeste incomum. De repente, o asteroide se iluminou. Luzes chamejaram e Torres ficaram visíveis. Rudocc não podia acreditar em seus próprios olhos.

— Oh, meu Deus... isto não é um asteroide!

As armas abriram fogo! Salvas destrutivas batiam no campo defensivo da LONDON.

A espaçonave tremia sob o bombardeio da espaçonave estrangeira.

— Senhor, o campo defensivo começa a desmoronar! — gritou Sparks, que tirou os controles de Lichtern, que ainda estava em seu turno.

O suor corria na testa de Rudocc. Isto não podia ser! O campo defensivo tinha que aguentar a todo o custo, caso contrário, eles estariam perdidos!

O campo defensivo piscou e desabou na seção inferior. Em seguida, se ouviu um estrondo enorme. Relâmpagos e uma cascata de energia bateram ao lado da LONDON.

— Relatório. Fomos atingidos — relatou o operador de rádio em pânico.

— Estabilizar campo defensivo. Depressa!

A LONDON foi atingida por um raio trator. A estranha espaçonave-asteroide pegou a espaçonave e mudou seu rumo levando a LONDON na direção do planeta aquático. Então, o raio trator foi desativado.

O atacante pegou velocidade e desapareceu. O que restou foi uma LONDON imobilizada. Ela já não tremia agora. Apenas Rudocc continuava a tremer. Tudo tinha acontecido tão rápido.

— Relatório de danos — pediu.

O primeiro-oficial Gellar não respondeu. Ele estava em choque. Sparks inclinou-se exausto contra a parede, respirando pesadamente.

— Relatório de danos! — gritou mais alto Rudocc. A sua voz estava embargada pela emoção.

Enquanto isso Holling chegou ao centro de comando.

— O que aconteceu? — ele quis saber imediatamente de Rudocc.

Alex Moindrew e Arno Gaton acompanhavam o capitão. O engenheiro-chefe estava com o rosto branco. Arno Gaton olhou com raiva para a tripulação da ponte. Ele não entendeu a extensão do ataque aparentemente.

— Senhor. Eu não sei exatamente. Um asteroide apareceu, mas não era nada disso. Ele disparou contra nós — relatou Rudocc gaguejando.

— Eu preciso de uma análise dos danos — ordenou Holling.

Alex Moindrew imediatamente começou a trabalhar. Ele ficou ainda mais pálido quando viu os resultados. Seus piores temores se tornaram realidade. O holograma tridimensional da LONDON ficou na frente dos homens. Moindrew mostrou as secções danificadas. Elas acendiam em vermelho.

— A LONDON foi atingida na seção inferior, onde as salas de armazenamento foram rasgadas até os motores. O escudo protetor de emergência evitou a perda de oxigênio.

— Quando seremos capazes de voar? — perguntou Gaton impaciente.

Moindrew olhou para ele sem expressão. — Os... os estabilizadores foram destruídos, o acumulador gravitraf também. A unidade... a LONDON é incapaz de manobrar. Não podemos mais continuar a voar.

O choque correu profundamente entre todos os participantes. Gaton apenas balançava a cabeça. Ele parecia não acreditar no seu engenheiro-chefe. Os outros membros da tripulação, incluindo o capitão, olharam atônitos para Moindrew.

Mas Moindrew não tinha terminado com o seu relatório.

— E fica ainda pior. A estranha espaçonave nos arrastou para órbita do planeta aquático. Não podemos corrigir o curso. Ele nos atrai rapidamente. Isto significa que a LONDON vai adentrar a atmosfera e colidir com a superfície.

— Quanto tempo temos? — disse Holling perguntando baixinho.

— Talvez 20 minutos.

— Isso não é suficiente para evacuar os passageiros — Holling observou desanimado.

— Informe Rhodan, ele pode certamente nos ajudar! — disse Gaton rapidamente.

 

  1. Capítulo 5 

A Colisão

 

Perry Rhodan tinha notado o ataque, como a maioria das criaturas a bordo da LONDON. Na seção inferior incêndios tinham iniciado. Uto Lichtern passou apressado por Rhodan com algumas equipes de segurança. Eles estavam, provavelmente, indo para o foco do incêndio.

— Está muito ruim? — perguntou Rhodan, quando ele tinha alcançado a ponte.

Moindrew relatou ao camelotiano sobre o grande dano. Rhodan olhou concentrado todas as informações por um tempo. Então ele pensou numa alternativa. Ele olhou rapidamente para as pessoas na ponte. Eles confiavam nele. Quase o amedrontou saber do desespero nos olhos das pessoas a volta dele.

— Eu não sou um engenheiro, por isso não esperem nenhum milagre. Eu preciso a ajuda de todas as partes interessadas — disse Perry finalmente. — Mas eu tenho uma ideia. Talvez ainda tenhamos um pouco mais de uma hora até que a LONDON entre na atmosfera. Devemos usar este tempo para avisar os passageiros. Eles devem permanecer em suas cabines e se afivelar nas cadeiras de contorno, uma vez que se espera fortes vibrações e também a gravidade artificial possa ter problemas. Desde que a metagrav foi desabilitada, o gerador antigravitacional deve ser alimentado com prioridade, mesmo que ele não seja totalmente eficaz, o efeito de amortecimento inercial dos inversores. Mas acima de tudo, o campo de repulsão deve ser mantido ativo em todas as circunstâncias, caso contrário a LONDON será rasgada literalmente ao entrar na atmosfera do planeta oceânico. Os climatizadores, iluminação e entretenimento a bordo, que não prestam necessariamente para a conservação da vida, devem ser desconectados da fonte de alimentação. E... ele olhou fixo para Gaton... — Isso se aplica a todos os passageiros e membros da tripulação igualmente, portanto não há exceções.

O porta-voz da Liga Hanseática engoliu visivelmente em seco.

— Isso, isso... não podemos fazer, simplesmente não dá. Os Orbanashol, Jakko Mathyl, Terek-Orn e todos os outros notáveis não podem ser tratados como passageiros comuns, pois, têm direito ao conforto e tratamento preferencial. E quem vai dizer isso a eles? Eu... eu... que não vou...

Rhodan olhou Gaton enojado e disse-lhe:

— Seu problema.

Gaton olhou para ele fixamente, enquanto Rhodan ligou para o engenheiro-chefe.

— Alex, você pode controlar a distribuição de energia, de modo que a prioridade definida por mim seja respeitada?

Moindrew assentiu. — Isso pode ser ajeitado. Será difícil, mas não impossível.

— Tudo bem, faça em honra a Bert Hefrich!6 — disse Rhodan.

Moindrew queria saber quem foi Bert Hefrich, mas o tempo foi muito limitado para uma aula de história. Ele imediatamente começou a trabalhar, tentando substituir os condutos de energia destruídos para a ponte.

Rhodan virou-se para o capitão.

— Eu preciso que a cama mais confortável e luxuosa, a ser encontrada, seja colocada na ponte. Ela deve ser colocada de modo que eu possa facilmente chegar ao console do controle manual a partir dela.

Holling olhou perplexo para o camelotiano.

— Você quer pousar a LONDON manualmente? — Holling engasgou em descrença.

— Exatamente! — disse Rhodan. — Se um membro da tripulação da ponte tem experiência em manobras com gravidade assistida e for capaz de pilotar mesmo abaixo de vários gravos, ele deve entrar em contato conosco.

Ele olhou ao redor, o silêncio envergonhado o cercou.

— Bem, eu posso, não ser o mais capaz. Concordo, já fazem alguns séculos, mas na minha formação como piloto da Força Espacial dos EUA, eu fiz um extenso treinamento na centrífuga para manobras com gravidade assistida de modo que eu as faço mesmo dormindo.

Holling apenas balançou a cabeça.

— Eu ainda não entendo. Pois nós temos, a sintrônica e Wyll é um excelente navegador.

— Sim navegador de fato, mas o que precisamos aqui é um piloto. A sintrônica, mesmo se ela funcionar corretamente, em nossa situação particular não será muito eficaz, porque desde os tempos da antiga Força Espacial simplesmente não ocorreram mais manobras com gravidade assistida.

 

***

 

Os membros da tripulação, liderados pelo gerente de cruzeiro, mordomos e organizadores de lazer, tiveram agora que cuidar dos passageiros. Mesmo Sam ajudou a acalmar os hóspedes. Nem a todos os passageiros foi dito a verdade sobre o ataque do asteroide. Os oficiais da espaçonave queriam evitar o pânico. Mas foi difícil explicar às pessoas a razão delas evitarem a diversão ou procurar um local seguro.

O somerense tentou honestamente alertar os passageiros inquietos do acidente. Mas muitos não tomaram as suas advertências a sério. Os incêndios e danos a algumas centenas de metros abaixo deles, não eram sentidos nas áreas dos passageiros.

Havia ainda os hóspedes que diante uma série de aventuras incríveis, não queria demonstrar fraqueza, não era seu costume. Enquanto alguns estavam assustados, outros se mostravam arrogantes ou mesmo indiferentes.

O oficial Lichtern foi designado para ajudar Sam. Ele respondeu com firmeza ao somerense.

— Qual é a situação? — perguntou o somerense.

— Nós temos os incêndios sob controle, mas não sabemos quais passageiros ou membros da tripulação no momento do ataque estavam nas seções destruídas.

— Os sensores?

Lichtern limpou a garganta e assentiu com a cabeça vigorosamente. Ele provavelmente tinha esquecido essa possibilidade no pânico.

— Foi... tudo foi tão rápido — ele tentou se defender.

— Você tem que manter a calma. Eu estou contando com você. Os robôs estão olhando as seções danificadas a procura de alguém enquanto você assegurar que os passageiros compreendam a gravidade da situação.

— Mas... nós não podemos forçá-los a usar os cintos de segurança nas cabines, ainda mais 16.000 pessoas em poucos minutos. Podemos?

Naquele momento, o capitão falou nos alto-falantes aos galácticos e deu as instruções.

Sam explicou a Lichtern, ele deveria incitar os hóspedes a se preocupar com a sua segurança. Independentemente se os seres quisessem ou não. Dezenas de passageiros estavam reclamando sobre a inconveniência que sofreram neste “exercício”. Sam também sabia que, mais nada havia a dizer.

Wyll Nordment e Rosan Orbanashol atingiram o átrio e correram até Sam.

— O que aconteceu? — ambos queriam saber.

— A LONDON foi atingida e está caindo. Escolha um local e se coloquem nas cadeiras de contorno e rezem que nós tenhamos sorte.

O somerense voltou para Perry Rhodan, que tentou com esforços desesperados coordenar a mitigação da queda.

— Um asteroide em forma de cavilha... mas na realidade uma espaçonave — murmurou Sam.

— A WORDON. Foi a vingança de Rodrom — Rhodan percebeu amargamente.

A LONDON começou a vibrar e cair mais rápido.

— Moindrew, nós já não temos muito tempo — Rhodan disse no intercomunicador. Ele não recebeu resposta. No entanto, ele assumiu o posto na cama de contorno e se amarrou nela. Ele estava pronto.

Muitos dos passageiros não levaram os avisos ainda muito a serio. Outros gritavam em pânico quando a espaçonave tremeu. A tripulação teve a maior dificuldade, em acomodar todos em segurança.

— Holling, talvez nós possamos usar os raios tratores dos space-jet como freio para LONDON? — sugeriu Rhodan.

O velho balançou a cabeça.

— Tentar evitar a queda de um barril com um barbante.

Rhodan soltou uma maldição. Ele viu que eram 23h42min!

— A entrada na atmosfera. Pelo menos temos esse planeta oceânico — ele murmurou para o outro.

— A LONDON pode flutuar na água. Ela foi construída como veículo anfíbio — disse Sam, que tinha se amarrado a uma poltrona anatômica.

Rhodan esperou impacientemente até que finalmente o campo defensivo brilhou ao redor da LONDON. Então se escapou do perigo de queimar-se na atmosfera. A LONDON caiu para a frente e Rhodan fez muito esforço para corrigir o ângulo de entrada com os propulsores antigravitacionais...

— 40.000 metros ainda — ele ouviu Rudocc após uma eternidade.

Rhodan ordenou a Moindrew, para dar mais energia ao dispositivo antigravitacional a 10.000 metros.

— 30.000 metros, 20.000 metros... 10.000 metros.

O dispositivo antigravitacional diminui a velocidade ainda mais. Em seguida, o atrito da atmosfera diminuiu ainda mais a velocidade. A LONDON caiu com uma velocidade baixa na superfície. Ela assentou pela primeira vez com a proa. O campo defensivo se desvaneceu, foi quando Rhodan usou a plena carga do dispositivo antigravitacional. Devido à alta velocidade da LONDON sobre a água, eles voaram novamente centenas de metros de altura, e assentou novamente a proa, que imergiu brevemente até mesmo vários metros para dentro da água. A cúpula de vidro partiu-se em mil pedaços, em seguida, a espaçonave acalmou lentamente e permaneceu deitada tranquilamente no mar.

Houve tempo para um descanso. No planeta era noite. O sol não podia ser visto e escuridão envolvia a LONDON.

Muitas pessoas no centro de comando tinham sido jogadas através da sala apesar do cinto de segurança. O robô médico começou imediatamente a medicá-los.

O Robô de limpeza tentou bizarramente, reparar os danos internos.

— Alguém ainda está vivo? — perguntou Rhodan tossindo.

— Isto é algo que eu nunca farei novamente, meus senhores — ele ouviu a voz de Sam.

O outro tinha sobrevivido ao acidente. Rudocc verificava o dano da LONDON.

— A cúpula de vidro está quebrada, e alguns danos na fuselagem. Inundações nos conveses. Os sensores indicam cerca de quarenta mortos.

Rhodan levantou-se novamente e deu uma olhada nos controles. Ele limpou a lama, que caia do teto dos painéis do console. Centenas de passageiros ficaram feridos. Mas, para tal acidente, podia-se ficar satisfeito com os danos, embora a morte de quarenta passageiros fosse deplorável.

Moindrew tinha atingido o centro de comando. — Nós conseguimos! — Ele anunciou alegremente.

— Melhor, Bert Hefrich também não poderia fazer — admitiu Rhodan. Então ele ficou sério novamente. — A LONDON vai permanecer na tona?

Moindrew fez alguns testes com a imagem holográfica. — O grande vazamento será detido pelo anteparo de emergência. Contanto que isso se mantenha, a LONDON flutuará.

— Nós não temos nenhum anteparo de emergência?

— Sim, não para o tamanho do buraco do disparo. O fogo do WORDON penetrou em vários conveses e deixou rachaduras profundas na LONDON. — disse o desenhista projetor da LONDON.

— Ok, vamos reunir os passageiros em primeiro lugar. No entanto, eles devem ser avisados e preparados para uma evacuação se necessário. Holling, as cápsulas de salvamento devem ser preparadas.

— Nós temos um problema! — gritou Wyll Nordment que entrou no centro de comando em conjunto com Rosan Orbanashol.

— Alguém mexeu nas naves auxiliares. Os propulsores foram desmantelados.

— Todos? — Rhodan exclamou, surpreso.

Nordment deu de ombros.

— Em qualquer caso temos de verificar. Nós vamos investigar isso imediatamente.

 

  1. Capítulo 6 

Momentos fatídicos

 

Eu lhe disse, não há escapatória. A WORDON os atingiu gravemente. Quase 100 já estão mortos, mas eles tiveram a morte mais agradável. O que agora espera os sobreviventes é um fim lento.

Preparem-se.

 

23h55min

 

Houve grande agitação na ponte e em qualquer outro lugar na espaçonave. Primeiro, foi realizada uma análise de falhas. 27 pessoas informaram pelo intercomunicador. O grupo era liderado pelo doutor Talbot. Eles incluíam equipe de todos os conveses. Eles relataram que a água penetrava de todos os lugares.

Toda e qualquer ajuda viriam tarde demais. Com semblante triste James Holling e a sua tripulação na ponte, ouviram os gritos de morte pelo intercomunicador. Esta seção não podia mais ser alcançada devido a incêndios e inundações. As estações de transmissor foram destruídas e a água penetrava rapidamente.

Toda e qualquer ajuda viriam tarde demais. Horst Talbot e os outros vinte e seis seres morreram. Holling só conhecia a família de alto nível, o maskant arcônida Prothon da Mindros. A sua esposa Terza e as duas filhas Carba e Esrana estavam entre as vítimas que se afogaram com certeza.

 

10 de dezembro, 00h45min

 

A situação a bordo tinha se acalmado novamente numa hora após o acidente. Os passageiros ficaram ou em suas cabines ou nos restaurantes. Gaton instruiu as bandas, para tocarem músicas alegres. Os artistas recreativos deveriam mostrar as suas melhores peças para evitar que tumultos surgissem entre os passageiros.

Sam esteve falando com várias pessoas e tentando desta maneira reconfortar os viajantes inseguros. A tripulação estava trabalhando a toda velocidade. Eles tentaram corrigir qualquer dano na fuselagem. Mas os vazamentos pelo impacto foram amplamente distribuídos nas seções inferiores pouco acima da barbatana pélvica da LONDON.

Holling instruíra Sparks para incessantemente enviar pedidos de ajuda.

— Estamos muito longe de Cata-vento. Isto é inútil — disse o operador-chefe de rádio Sparks, no entanto, o pedido de ajuda foi repetido várias vezes.

Os medorrobôs medicavam os feridos e agora identificaram um total de 78 mortes. Além disso, havia as 27 vítimas presas nos andares inferiores, que foram afogadas no passeio. Incluindo o médico da espaçonave Talbot e os arcônidas das famílias da Mindros, Terza e as suas duas filhas Esrana e Carba.

Alguns droides limpavam a espaçonave e restauravam o interior da espaçonave. Os incontáveis vidros quebrados, alguns dos quais com mais de quatro metros de comprimento, também tiveram de ser retirados do convés.

Nordment, Rudocc, Lichtern e Gellar foram investigar as cápsulas de salvamento. Todas as cápsulas estavam ineptas para o voo seguro. O mesmo era verdade para os SERUNs.

 

***

 

Nordment voltou com os outros. Eles pegaram a via para os conveses exteriores. O ar fresco e limpo do planeta era bom para se respirar. Os projetores luminosos estavam na água. Alguns passageiros ficaram em pé nos corrimões e apontaram repetidamente para o lago. Nordment encontrou Bogo Prollig chefe de segurança.

— O que há de errado? — perguntou Nordment, apontando para os passageiros agitados.

— Na água há criaturas — o epsalense mostrou para Nordment os resultados na tela do sensor. A imagem tridimensional de um ser estava estampada nela. Nordment encontrou semelhança com um tubarão. No entanto, Além das características típicas, como barbatanas, guelras e o formato do corpo típico de um tubarão cada um tinha um par de tentáculos dianteiro e traseiro. Na barriga e nas costas, mesmo em frente da barbatana dorsal Nordment percebeu um grande espiráculo, semelhante aos de uma baleia. Presumivelmente, a água era descarregada ou o ar era inalado.

Terek-Orn, Kolipot e Spector Orbanashol se aglomeraram incerimoniosamente passado por Wyll. Eles carregavam armas. Orbanashol deliberadamente apontou, visando a água. Em seguida, ele disparou. Kolipot e Terek-Orn fizeram o mesmo depois dele.

— Pegamos um — o saltador se alegrou.

Nordment apenas balançou a cabeça.

— É melhor você parar, Bogo!

— Você não tem nada com isso, civil! Somos passageiros nos divertindo e cuidando dos nossos próprios interesses. Agora suma!

Enquanto Rudocc e Lichtern já voltaram para estação de comando, High Gellar esperou por Nordment.

— Vamos lá, temos peixes maiores para fritar — insistiu ele.

Nordment respirou fundo e finalmente atendeu o chamado do jovem terrano. Eles chegaram pouco depois na ponte, onde Arno Gaton já se acomodara.

— Sabotagem! Mas quem tem fez uma coisa tão cruel?

Rhodan já tinha um suspeito. — Por favor, verifique se Dannos e seus filhos da fonte de matéria ainda estão em suas celas.

O conselho de Rhodan foi verificado imediatamente. No entanto, os filhos da fonte de matéria estavam em suas celas. Rhodan foi surpreendido por este fato. Agora, ele não sabia quem era o responsável.

O portador de ativador celular sentou-se brevemente na cadeira de comando. Holling não disse nada. Teria sido inadequado, discutir agora sobre assentos e competências.

Rhodan olhou para o seu relógio e viu que as horas passavam. Eles não tinham escolha a não ser esperar. A LONDON não poderia mais dar partida. Moindrew precisava obter uma navegabilidade dos space-jets novamente. Só o space-jet poderia obter ajuda — em tempo.

 

***

 

Moindrew agachou-se na casa de máquinas do space-jet e maldiçoou a si mesmo. Os sabotadores tinham feito um grande trabalho e sabia como incapacitar uma espaçonave.

— Aqui é a sintrônica de bordo. As suas tentativas são fúteis. Eu agora ativarei o comando 567-B e desejo um final agradável.

— Que diabos? — assobiou Moindrew.

Ele ativou um computador portátil e quis ter acesso à sintrônica. Em vão!

Um pequeno choque passou pela espaçonave e deixou Moindrew muito assustado. Ele saiu do space-jet porque ele ouviu um enorme rugido. A porta para o segundo hangar estava com o abaulamento para fora. Moindrew chamou a equipe de manutenção no segundo hangar, mas ninguém respondeu. Vibrações mais aflitivas tomaram conta da LONDON. Elas vieram de dentro da espaçonave.

Moindrew fez uma ligação com seus controles para casa de máquinas. Várias explosões tinham atravessado a área superior da barbatana ventral até o hangar.

— Ei, comandante o que está acontecendo? — ele rosnou no intercomunicador.

— Explosões. Eu tenho que verificar — admitiu Moindrew. Ele não podia acreditar no que estava acontecendo agora. Ele rapidamente saltou para o transmissor e se rematerializou dez conveses abaixo. No começo, ele sentiu um frio desagradável em seus pés, porque ele ficou com os pés na água.

— Inundação na parte inferior dos conveses — ele transmitiu à ponte.

Um julziisch veio ao seu encontro. O membro da tripulação estava no comando dos reparos na região inferior.

— Em todo lugar há explosões. As escotilhas foram destruídas. O campo protetor falhou — gritou o galáctico de quatro olhos e acenou com as mãos de seis membros. Neste momento, a próxima detonação fez um buraco na parede. O blue foi literalmente esmagado. Moindrew afastou das chamas e correu para o transmissor. O fogo foi extinto e uma onda de água rolou em direção dele. Antes que ela chegasse, ele estava na estação de comando e caiu de joelhos.

— O que aconteceu? — perguntou James Holling.

Alex Moindrew olhou sério para seu capitão.

— Eu temo que a má sorte da LONDON, apenas começou.

 

***

 

Alex Moindrew estava pálido. Ele se levantou e foi até os controles.

— A sintrônica principal foi comprometida. Estou trabalhando com computadores independentes, para fazer uma análise de danos — explicou o chefe de máquinas.

A LONDON foi representada em três dimensões. Além das fraturas no casco causadas quando a WORDON atacou, as explosões destruíram diversas escotilhas. Outra explosão causou grandes danos no segundo hangar. Os robôs já estavam ocupados com os reparos. Mas muito pior foi o que a sintrônica fez nos campos defensivos e nos campos de repulsão que detinham os vazamentos. Em conjunto com as explosões agora fluía água desimpedida em diversas áreas das secções inferiores da espaçonave.

— Explosivos! Fizeram rasgos adicionais em diversas áreas na fuselagem da LONDON. Eclusas foram destruídas. Que... que não poderemos consertar... falta força para os campos de repulsão e defensivos. As linhas... foram destruídas — Moindrew terminou assim o relatório sinistro.

— O que significa isso? — perguntou Gaton.

— A LONDON vai afundar.

— Mas isso é um absurdo. A LONDON é uma espaçonave feita do melhor inconite. Ela não pode afundar. Isso não pode acontecer! — gritou o porta-voz hanseático.

Rhodan respirou fundo. Rodrom está por trás disso. Ele deve ter encontrado uma maneira, na surdina, de colocar os explosivos na LONDON e sabotar as naves auxiliares.

Rodrom tinha feito muito esforço, para que eles não tivessem a mínima chance.

Moindrew tinha recuperado a compostura. — Senhores. Em cerca de três a quatro horas contadas, a LONDON vais estar deitada com a proa para acima no fundo deste planeta. Eu não posso mais estabilizar os condutos de energia. Nada pode evitar este fim. A partir de agora, é o fim da LONDON!

 

01h20min

 

O choque os atingiu fundo. Os oficiais da ponte procuraram desesperadamente por uma maneira de deter a destruição.

— E se nós simplesmente selássemos as entradas intactas do primeiro convés? — perguntou Rudocc.

Gaton bateu forte com as suas mãos.

— Exatamente! Afinal, esta é uma espaçonave. Deve ter sido projetada para tais emergências. Seja água ou vácuo não importa.

Moindrew bateu com o punho sobre os controles.

— Mas a LONDON não é uma espaçonave comum. Lembra, você optou por instalar facilidades em detrimento da segurança. As portas de madeira, portas de vidro – para que os passageiros tivessem um ambiente aconchegante. Estas são possíveis vulnerabilidades. Sem energia não se pode proteger a parte das seções dianteiras da água. Se ela subir para a área dos passageiros, o seu peso puxará a LONDON para o fundo. A água se infiltrara pela cúpula de vidro quebrada e então tudo estará perdido!

Moindrew chacoalhou o seu cabelo. Perry Rhodan percebeu que o engenheiro-chefe estava mentalmente esgotado. Rhodan tinha que manter a calma.

— Nós ainda devemos tentar — disse ele. — O hangar é o eixo. Precisamos das naves auxiliares. Tentaremos acessar este andar e selá-lo e assim impedir a inundação — sugeriu Rhodan.

— 1.600 metros de comprimento? Impossível — gritou Moindrew.

— Apenas tente! — Rhodan pediu com firmeza.

— Nós não poderemos proteger as seções individuais? Esta é uma espaçonave. Porém, ela pode também resistir a pressão da água. Nós precisaremos, também de ar e suficiente proteção debaixo d’água — disse Sam.

Moindrew balançou a cabeça.

— Não sem a sintrônica principal. Nós não temos mais energia para extração de ar. As pessoas sufocarão num dia. É...

Rhodan interrompeu Moindrew com um gesto e ordenou-lhe agora para ir para o hangar. As naves auxiliares tinham prioridade. Rhodan sabia que Rodrom tinha pensado em tudo. Através do auto desligamento da sintrônica e da maioria da força, o inevitável não poderia ser detido, na melhor das hipóteses atrasado, se eles conseguissem reparar os sistemas de manutenção vital.

A tripulação sobrecarregou Rhodan completamente. A comparação com Bert Hefrich tinha sido talvez demasiado eufórica. Esta não era a tripulação da CREST II, mas uma tripulação civil, que já estava abalada por toda essa aventura.

— Tudo bem, senhores. Os space-jets e as cápsulas de salvamento podem flutuar. Nós deixamos à água entrar e evacuamos os passageiros com eles.

Holling, Gaton, Rudocc e os outros olharam para Rhodan horrorizados. Sam começou a falar primeiro.

— A espaçonave naufragada tem suas naves salva-vidas, afinal de contas. Extinga o fogo no hangar, faça uma análise de danos e comece a verificar navegabilidade das cápsulas. Uma terceira equipe deve tentar fazer com que a fonte de alimentação fique mais estável. Cada minuto com um campo defensivo e a operação de qualquer dispositivo antigravitacional nos ajudará.

Silêncio. Sam olhou fixamente para Rhodan, que estava igualmente irritado com a passividade da tripulação da ponte. James Holling assentiu timidamente.

— Sim... sim, nós faremos isso. Primeiro-oficial, você cuida junto com Lichtern das cápsulas. Maskott e Spechdt tentam estabilizar o fornecimento de energia e Sparks continua...

Holling deixou a ponte com passo arrastado.

— Agora eu tenho a minha destruição — ele ouviu o plofosense murmurar.

 

  1. Capítulo 7 

Tentativa de resgate

 

01h45min

 

A água tinha atingido apenas dois conveses sob o hangar. Estes dois andares já estavam perdidos. Os membros da tripulação estavam tentando proteger o hangar de inundações. Alex Moindrew, afinal, conseguiu contornar alguns dos sistemas primários da sintrônica. Ele programou que a escassa energia existente fosse enviada para área do hangar. Havia, na verdade, passageiros que se queixaram de que o aquecimento não funcionava e faziam pedidos irrealistas para a equipe já sobrecarregada.

Existiam dois tipos de portas no hangar do convés. Algumas conduziam para fora ao lado. Outras levavam para superfície do disco, onde os passageiros caminhavam nos conveses de fora. Rhodan mandou trazer a naves auxiliares com os dispositivos antigravitacionais para os conveses. Uto Lichtern e Evan Rudocc ficaram responsáveis por isso. Uma vez que uma espaçonave auxiliar fosse selada e estava pronta para o transporte seria mandada para os conveses ao ar livre, assim a evacuação começaria.

No entanto, Rhodan ficou irritado, pois nenhum passageiro apareceu. Ele apressou Lichtern.

— Onde estão todos? Aqui estão quatro naves auxiliares prontas para 400 pessoas. E são quase 2 horas da manhã. Finalmente, podemos começar a evacuação.

Lichtern estremeceu.

— Os passageiros estão no salão estelar e nos átrios, nas torres. Está muito frio lá fora.

— Droga, chute-os para dentro das cápsulas — gritou Rhodan. Por um breve momento ele tinha perdido a compostura. Ele respirou fundo e colocou a mão sobre os ombros de Lichtern.

— Holling deve imediatamente fazer um anúncio. Não devemos perder nenhum instante.

Lichtern concordou e informou o comandante no centro de comando. Rhodan correu para o hangar, enquanto ele ouviu o anúncio de Holling nos alto-falantes.

O ar no hangar era abafado e cheio de fumaça. Cerca de 200 homens e mulheres trabalham nas cápsulas danificadas e intactas. Rhodan procurou e encontrou Moindrew.

— Relatório?

— Temos 67 cápsulas intactas. Isso corresponde a cerca de 7.000 acomodações para os passageiros, se eles ficarem um tanto apertados. Até aqui nós não testamos o peso. Estas cápsulas espaciais não são lanchas de passeio.

— Quanto tempo a LONDON vai aguentar? Por que robôs não estão trabalhando aqui?

Moindrew fez uma careta.

— A sintrônica desativou os robôs. Eu não tenho tempo para neutralizar o bloqueio. A água atingiu agora o hangar, ainda estamos a segurando. Eu tenho energia para manter durante uma hora os campos de repulsão e campos defensivos. Não sobra mais nada.

Rhodan compreendeu.

— Durante este tempo as 67 cápsulas e tudo mais podem começar a flutuar nos conveses. Nós já podemos trazer os passageiros aqui para o hangar, por que eles não chegam mais rápido?

Moindrew confirmou. Rhodan fez o seu caminho para o centro de comando. O dispositivo antigravitacional e as estações de transmissores só funcionavam em alguns lugares.

Após oito minutos, ele chegou à ponte. Lá James Holling, Mugabe Sparks e Arno Gaton olharam para ele com curiosidade.

— Podemos salvar pelo menos 7.000 seres — disse Rhodan. Ele agarrou-se a essa esperança.

Se podemos salvar 7.000, talvez seja possível manter mais alguns vivos. Você tem que desmontar a LONDON e construir jangadas, tudo o que flutuar, deve ser utilizado. Rapidamente o Imortal teve que enfrentar a verdade. Isto nunca seria suficiente para todos.

9.000 seres vão morrer, foi o que passou pela cabeça de Rhodan. Desta vez, ele estava impotente. O que ele poderia fazer contra o desastre?

— Sparks, envie mais algumas mensagens de hipercomunicador. Tente de tudo para obter ajuda! — Comandou Rhodan. — Holling, você e os outros têm de começar a evacuação. Imediatamente! Tragam os passageiros para o convés do hangar. As demais serão montadas no convés externo. Existem cápsulas disponíveis.

O comandante havia se curvado. — Agora eu tenho a minha destruição — ele murmurou, pensativo.

Rhodan não sabia o que ele queria dizer.

O capitão seguiu o seu caminho para fora. As sirenes foram ativadas, de modo que em último termo o mais tolo compreenderia a gravidade da situação.

Um velho casal de aconenses se aproximou dele.

— Comandante, estamos muito surpresos que toda a energia foi desativada em nosso alojamento. Exceto para a iluminação nada mais funciona. Esperamos que tudo seja concertado...

Estupefato, Holling olhou para eles e seguiu em frente. Neste momento, a quinta cápsula de salvamento foi içada para o convés exterior com um dispositivo antigravitacional.

Lichtern, Spechdt e Rudocc cuidaram da evacuação no convés. Maskott e Gellar estavam no hangar. Holling olhou para o seu relógio. Eram 02h12min.

As sirenes silenciaram. Finalmente, o convés ficou cheio com passageiros. Holling olhou para cima. Localizou nos pisos e torres uma fila que se estendiam por talvez quinhentos metros de incontáveis seres sencientes. Holling sentiu que eles olhavam para ele. Mas o que ele poderia ainda fazer? Havia espaço para talvez 7.000 das 16.000 criaturas.

O que ele poderia ainda fazer? Holling virou-se para Evan Rudocc. Ele sorriu para o primeiro-oficial, que estava visivelmente perturbado.

— Siga em frente — disse Holling secamente.

Rudocc acenou para os passageiros.

— Primeiro mulheres e crianças — ele emitiu o jargão, ganhando os primeiros apartes irritados de que ele era racista e sexista.

 

***

 

Perry Rhodan solicitou os dados do planeta na ponte quase vazia. Somente o operador de rádio Mugabe Sparks estava sentado em seu terminal e enviava incessantemente pedidos de socorro.

A temperatura estava no momento em doze graus Celsius. A temperatura da água, no entanto, em apenas dez graus. A profundidade do oceano era de mais de dez quilômetros. Rhodan tinha abrigado uma tênue esperança de que a LONDON seria muito maior que a profundidade. Mas mesmo quase 1,6 quilômetros de extensão eram insuficientes.

Sam correu até Perry Rhodan.

— Alguma novidade?

Rhodan descreveu os fatos tristes.

— Então, teremos provavelmente mexilhões para o café da manhã — disse Sam sarcasticamente. No momento seguinte, o somerense ficou sério novamente.

— Nós temos que salvar primeiro as mulheres e crianças. O altruísmo é agora indispensável. Precisamos também de evitar o pânico.

 

02h20min

 

Wyll Nordment estava exausto. Ele tinha ajudado na reparação e preparação de cápsulas de salvamento. Mas ele também tinha que cuidar de Rosan. No entanto, ela se recusou a entrar na primeira espaçonave salva-vidas. Era típico desta mulher e uma das razões porque ele a amava muito. Ela tinha realmente compaixão por sua família. Rosan queria ajudar a sua família por todos os meios. Mesmo que com isso não restasse um lugar para ela, ela não queria a morte deles. O casal atravessou a área de mãos dadas.

Rosan e Will correram para a cabine dos Orbanashol.

Attakus e os outros olharam para eles pejorativamente. Prollig, o chefe de segurança da LONDON, também estava na cabine, bem como um de seus agentes de segurança que se esforçavam para convencer os Orbanashol para irem para convés. Attakus usava uma bandagem em seu braço.

— O que é isso? O criminoso retorna à cena do crime — disse Attakus.

Wyll olhou para ele, incrédulo.

Prollig colocou nele grilhões energéticos.

— O que é isso?

— Sinto muito, rapaz. Você tentou atacar Attakus Orbanashol — disse o oficial de segurança. — Nós temos a arma com as suas impressões digitais aqui. Além disso, o seu sangue está sobre um abridor de cartas, com o qual Attakus se defendeu. Desta vez você foi longe demais.

— Isso é uma mentira! — gritou Nordment.

— Attakus, mãe... Rosan gritou para a sua família. — Temos outras coisas para fazer. A LONDON caiu. Em pouco menos de 40 minutos se extinguirão os campos de energia. Em seguida, o hangar será inundado. Não há cápsulas de salvamento suficiente para todos. A LONDON vai naufragar!

— A LONDON não vai naufragar — berrou Thorina. — Essa espaçonave foi construída por cidadãos ricos, nada acontecerá conosco.

De repente, a arcônida ficou pensativa.

— O que será do meu novo guarda-roupa? Eu tenho esses belos casacos aqui. O que devo usar.

Rosan correu furiosamente para a sua mãe agarrou-a pelos ombros e a sacudiu.

— Mãe, acorda. Temos cápsulas de salvamento apenas para metade de todos os passageiros.

— Mais uma razão por que não devemos embarcar nas cápsulas — disse Attakus.

Ele agarrou o braço de Rosan. Ela gritou. Isto foi o limite para Attakus, ele estendeu a mão e deu um tapa na noiva. A dor desfigurou o rosto de Rosan.

Em seguida, o jovem mimado da aristocracia Orbanashol ficou civilizado novamente e virou-se para o guarda de segurança.

— Por favor, reserve imediatamente um espaço nas cápsulas de salvamento para mim e minha noiva.

Este correu, sacudindo a cabeça ao sair da cabine. Para Attakus este atitude não era compreensível. Estes terranos eram tão estranhos. Eles eram bárbaros e se intitulavam virtuosos homens de honra. Attakus nem mesmo em sonho acreditaria que os virtuosos cavaleiros arcônidas foram por muitos anos tão bárbaros quanto os terranos.

Prollig levou Wyll, que gritou desesperadamente o nome de Rosan. Zhart acompanhou Prollig, para certificar-se de que Nordment desta vez realmente sairia de cena.

Os Orbanashol saíram da cabine para o corredor.

— Serva, ligue o aquecimento, para que não fique tão frio quando voltarmos — Thorina ordenou complacente. — A espaçonave da Liga Cósmica Hanseática não vai afundar. Afinal, nós pagamos muito pelo voo.

Rosan não disse mais nada. A sua mãe não parecia compreender que uma tragédia iminente ocorria na espaçonave. Desde o início ela não tinha entendido. Nem na época do rapto feito por Dannos, muito menos após o ataque de Rodrom. Agora, quando ficou claro que milhares de seres vivos se afogariam com crueldade, ela estava preocupada apenas com seus casacos e todo o naufrágio não deveria ser levado a sério.

Rosan não entendia essa arrogância sem limites. Thorina era a sua mãe. Ele tinha que ter algum sentimento em relação a isso. Rosan pensou novamente em Wyll Nordment. Ela tinha que ajudá-lo de alguma forma. Mas como? Para estas pessoas ao seu redor ela era uma estranha. Embora tivesse passado a sua vida com Spector, Attakus e Thorina, ela não sentia nenhuma empatia pelos arcônidas. Esta família só lhe dava nojo! Ela tinha profunda vergonha dos Orbanashol e queria sair da jaula de cristal do seu passado. Mesmo em face da morte os arcônidas mantinham seus rótulos, e faziam piadas maldosas e olhando a todos com se estivessem de cima de um cavalo.

No caminho, eles ainda se reuniram ao delegado tópsida Terek-Orn e ao patriarca saltador Kolipot.

— Qual o número da nossa cápsula? — perguntou o saltador a gerente de cruzeiro Terna Ambyl que apresentava uma clara impressão de desamparo.

A oficial balançou a cabeça. — Eu sinto muito, apenas as mulheres e as crianças serão evacuadas em primeiro lugar.

Ambos permanecem de pé, espantados um olhando para o outro.

O tópsida tocou o queixo. — Hoje é provavelmente um bom dia para morrer. Garçom, traga-nos uma garrafa de Vurguzz, queremos morrer, como homens de verdade!

Ambos entraram no salão estelar, aparentemente à espera do fim.

Os outros passageiros se empurravam lentamente no convés. Muitos não acreditavam ainda que a LONDON poderia naufragar. Tal coisa não era possível. Uma espaçonave não afundava na água. Isso era um absurdo para a maioria dos viajantes. Ninguém poderia imaginar que a ameaça era verdadeira. A LONDON era enorme, 1.600 metros de comprimento. Com um casco de cem metros.

Jakko Mathyl também foi trazido da sua cabine. Ele ainda usava o seu roupão de banho. Foi só depois da repetida insistência dos membros da tripulação, que ele se vestiu.

Perry Rhodan tinha deixado agora as instruções para se produzir tanto quanto possível, coletes salva-vidas. Os membros da tripulação foram trabalhando nisso e produziram uma série que talvez pudesse salvar alguns.

As cápsulas de salvamento foram convertidas. Para acomodar os passageiros rapidamente, eles haviam removido as cúpulas de vidro. Assim, as mulheres e as crianças não tinham de se espremer através de uma porta, mas poderia entrar a partir de cima na cápsula. Sparks e Rudocc tinham ao seu encargo a distribuição e composição dos barcos.

As sirenes soaram repetidamente para informar aos passageiros. Até agora, sete naves salva-vidas tinham saído com cerca de 550 passageiros para o mar.

Agora eram 02h30min. Diante das cápsulas no convés uma multidão havia se reunido.

O oficial Ute Lichtern pediu silêncio. As sirenes silenciaram após um tempo. Ele colocou um sorriso de dor e instruiu os passageiros, de forma ordenada e civilizada para entrarem nas balsas de salvamento. Primeiro, ele pediu às mulheres e crianças. Relutantemente, elas entraram na primeira cápsula. Lichtern ajudou as mulheres e crianças a embarcar a fim de acelerar o processo.

Um terrano de vestido, muito alto, com uma barba, uns óculos de grife e anéis em todos os dedos se aproximou de Lichtern.

— Desculpe, mocinho, mas o que será dos seres intersexuais? — ele balançou a identidade diante do nariz de Lichtern. — Eu não sou homem nem mulher.

Lichtern ficou perplexo.

— E... qual o sexo você mais se identifica?

— Bem, neste caso, é claro, com uma mulher. Posso entrar?

Lichtern assentiu sem expressão e concedeu o acesso ao passageiro à cápsula de salvamento.

Este correu imediatamente. Rudocc ergueu os braços e sinalizou para que as primeiras mulheres e crianças viessem para as suas cápsulas.

— Mulheres e crianças à frente — gritou ele.

Para controlar as cápsulas, eles tinham construído pás improvisadas. A sabotagem quase desativara toda a alimentação energética das cápsulas.

A cápsula estava com apenas 80 passageiros. Muito rapidamente e imprudentemente a cápsula foi abaixada para a água por um dispositivo antigravitacional.

Rhodan não percebeu este desleixo, ele buscava outras opções de salvamento. Ele sugeriu que se deveria construir jangadas flutuantes a partir dos móveis. Alguns homens começaram a trabalhar imediatamente.

 

02h40min

 

— Essa é a última cápsula. Agora saiam daqui. Fora, fora — Alex Moindrew gritou para os seres restantes no hangar. Alguns passageiros ainda estavam perplexos nos corredores e as escadas muito lotadas. O dispositivo antigravitacional tinha sido desativado a um longo tempo para passar o resto da energia para o campo defensivo.

A luz piscando. Moindrew olhou para o seu picosin. Indicou que a energia dos campos defensivos foi agora consumida. Eles tinham, afinal, conseguido soltar dez cápsulas com 1.280 passageiros para fora do hangar. Eles remavam e afastavam-se lentamente da LONDON.

51 cápsulas foram trazidas ao convés. As seis espaçonaves restantes foram simplesmente empurradas para dentro da água. Um grande estrondo anunciava o colapso dos campos de energia. Moindrew ouviu o som de água.

A partir de agora o naufrágio da LONDON era iminente.

 

  1. Capítulo 8 

O pânico aflora

 

02h41min

 

A espaçonave tremia e vibrava, em consequência da parada de funcionamento dos campos defensivos energéticos. Os passageiros gritaram antes da situação se normalizar.

O capitão James Holling deixou seu olhar vagar sobre o convés. Hesitantes, os passageiros se reuniam nos átrios e restaurantes à espera dos botes salva-vidas. Em seguida, cada vez mais agitados. O pânico e o descontentamento começaram a se espalhar, quando as pessoas foram informadas de que não havia escaleres suficientes para o resgate.

Holling foi condenado a assistir como a sua espaçonave afundava levando com ela, milhares de passageiros para as suas mortes.

A sua destruição... era certa agora. Seus pensamentos giram unicamente em torno dela. Da desgraça, da morte. Desanimado e renunciante, ele vagou pelo convés e observou a água subindo. Ele não saiu para o convés.

Rudocc passava seu relatório agora para Holling: — No total, 17 cápsulas de salvamento foram postas na água.

O velho plofosense parecia nem se importar. Ele olhou para a água. Então seu olhar passou pelo convés. Holling olhou seu primeiro-oficial em descrença. Lentamente, ele interiorizou as palavras de Rudocc.

— Tão linda, linda — murmurou ele.

Rudocc não continuou, ele tinha que cuidar das outras cápsulas.

O medo que sentia era tão intenso quanto o dos passageiros. O terrano não queria morrer. Ele se imaginou saltando para um dos barcos. Mas apenas no último. No começo, ele só queria fazer o melhor que podia, para salvar as pessoas.

 

***

 

A LONDON inclinou-se ligeiramente para frente. A água chegou à frente da fuselagem da proa. No entanto, demorou um pouco, até que a parte superior com os passageiros fosse afetada. Mas a ameaça se aproximava inexoravelmente.

Sam apontou para um palco onde os músicos tocavam música clássica. Rhodan olhou para o somerense sem expressão.

— Bem, então, eles estão fazendo, provavelmente o que sabem fazer melhor — Sam respondeu, fazendo alusão ao naufrágio de um navio de luxo terrano do século 20, sobre o qual Perry Rhodan tinha acabado de falar brevemente, porque a situação na LONDON o recordara do mesmo.

— Sim, quem não quer cair em lágrimas, tem de ir em frente. — Rhodan disse amargamente.

 

***

 

Wyll foi levado para o bloco prisional. Prollig o acorrentou com algemas a um tubo. Dannos e seus filhos da fonte de matéria foram entretanto libertados.

Irritado, Wyll observou quando os filhos da fonte de matéria aplaudiram e comemoraram. Dannos anunciou que eles já tinham alcançado a meta. Ele abraçou Stellara Chowfor... em seguida, os filhos pegaram em suas mãos e mal podia reprimir a sua euforia. Apenas Arkyl ficou reservado diante o entusiasmo do pai.

— Meus filhos, chegou a hora. O Apocalipse já começou. O vermelho nos prometeu. Vamos agora para Erranternohre para começar a nossa realização cósmica como Cosmocratas. Nós somos os únicos verdadeiros cidadãos cósmicos do Universo. Nós vamos ficar bem. Olhem para o futuro — pregou o guru.

Wyll que não quis ouvir a conversa fiada. Esperançosamente esperava que eles fossem logo para o convés. Mas ele também queria ir. Ele não poderia ficar ali e simplesmente se afogar.

Na verdade, os filhos da fonte de matéria saíram rapidamente, alguns ainda tinham radiadores térmicos. Dannos aconselhou-os a armar-se na sua missão divina. Stellara Chowfor também tinha um radiador na bolsa.

— Prollig, me liberte. Você não pode me deixar aqui para me afogar — Wyll implorou-lhe.

Mas o oficial não estava ouvindo. Ele entregou a Zhart a chave das algemas e saiu da sala.

Apenas Hermon da Zhart ficou com Wyll. Ele carregou a fonte energética do seu radiador térmico novamente. Com prazer, ele limpou a sua arma assistindo Wyll se debater.

— Bem, parece que você chegou às últimas desta vez — disse o arcônida com satisfação. Um copo em cima da mesa deslizou para baixo. A espaçonave inclinou agora mais rápido.

— Sabe, eu suponho que com o naufrágio da LONDON muitos homens morrerão hoje. Incluindo você, Bras’cooi.

Da Zhart lançou um sorriso frio e perverso para Nordment. Então ele pegou a chave e com a mão direita novamente. Ostensivamente ele colocou no bolso da camisa.

— É hora de me despedir.

Com toda arrogância adormecida nele, Zhart lentamente caminhou até Nordment. Depois bateu no jovem terrano com toda a sua força nas costelas. Wyll desabou ofegante enquanto Zhart ficou extremamente satisfeito com a sua ação. Ele sorriu amplamente. Em seguida, ele saiu da sala, deixando o desesperado Wyll Nordment.

 

  1. Capítulo 9 

A morte chega furtiva

 

02h55min

 

Vinte cápsulas de salvamento foram baixadas para água. Enquanto isso, um pânico silencioso eclodiu entre os passageiros. As famílias não queriam se separar. Muitas mulheres e crianças foram forçadas a embarcar por pessoas mais fortes. Lentamente os viajantes da LONDON perceberam o perigo que pairava sobre as suas vidas.

Enquanto a banda tocava músicas animadas, como Orfeu e o submundo, uma polca mehandor e canções folclóricas ofalenses, mas ninguém mais prestava atenção. Agora, que podiam detectar a ameaça diretamente com a água atravessando os conveses, houve uma grande agitação.

Um mirsalense teve muita sorte. Embora ele já tivesse 120 anos de idade, ele passou como uma criança, devido ao seu pequeno tamanho. Ele foi colocado na espaçonave salva-vidas número 12. Os Orbanashol aproximavam-se lentamente das cápsulas.

Attakus tentou subornar Lichtern agora, mas ele era uma pessoa conscienciosa.

Spector também procurava por outras opções. Ele agarrou Rudocc.

— Ouça, você terá vinte milhões de galax em dinheiro na mão quando você assegurar três lugares para mim, meu sobrinho e meu mordomo, três lugares a bordo de uma espaçonave.

Ele colocou a mão com parte do dinheiro na cara de Rudocc. O primeiro-oficial se deixou convencer pela soma.

— Mantenha-se no lado esquerdo da espaçonave, e eu o deixarei entrar — disse ele.

Agora era a vez de Rosan e Thorina. No entanto Rosan estava procurando por Wyll. Estaria ele ainda no bloco prisional? Isso não podia ser. Ela não podia sair dali e deixá-lo sem ajuda. A mestiça arcônida viu Zhart correr para Attakus. Wyll não estava com ele!

Rosan imediatamente correu até os dois e ainda ouviu quando o mordomo disse ao seu primo o que fora feito com Nordment.

— O que você fez com ele? — ela perguntou.

— Ele está esperado para em breve ser comida de peixe — disse Attakus sorrindo. — Agora vá para a cápsula de salvamento!

Rosan parecia indecisa sobre entrar no veículo salva-vidas. Lichtern exortou as mulheres a entrar. Agora, também empurrou Delia Gaton. Ela estava usando um vestido de noite e estava arrumada para uma festa de gala. Ela cumprimentou Thorina amigavelmente.

— Delia, diga-me se essa é a espaçonave da primeira classe — Thorina perguntou. — Eles parecem tão pobres. Não tem nem mesmo um mordomo.

Delia se juntou a Lichtern que tinham todas as dificuldades para empurrar para trás a multidão da espaçonave. Ele pediu a Delia Gaton para entrar imediatamente na espaçonave, mas ela recusou este pedido.

— Senhor Lichtern! Eu sou a esposa do proprietário. Eu certamente espero que eu e os honoráveis Orbanashol recebamos barcos separados para nós e nossa equipe.

Lichtern olhou Gaton com uma mistura de espanto e desprezo absoluto. Ele pareceu brevemente ponderar se esta era novamente uma das suas piadas de mau gosto, mas aparentemente não era o caso.

— Então, seu maldito marido é o homem responsável por isso. Entre no barco ou se afogue ficando aqui!

Delia repreendeu o oficial, dizendo que ele não podia falar naquele tom com ela. Gritando, ele agarrou-a pelos quadris, ergueu-a e colocou-a no barco. Em seguida, ele puxou o radiador térmico e ordenou que Thorina se ajeitasse para entrar na cápsula. Quando ele percebeu que Spector estava embarcando, ele apontou a arma para o Orbanashol.

— Volte senhor! Só mulheres e crianças!

Spector recuou. Que lhe custou um grande esforço, mas Lichtern parecia pronto para qualquer coisa. Ele ainda lançou para a mulher feia um último olhar. Thorina agachou-se inquieta na cadeira desconfortável da espaçonave enquanto Delia Gaton ainda não havia superado a impertinência do oficial.

— Filha, venha, ande logo! — gritou Thorina quando ela viu Rosan de pé, hesitante diante da cápsula. Attakus pediu para que Rosan entrasse agora na espaçonave.

A espaçonave pensou Rosan. Ela olhou fixamente para ele. Ela se salvaria, enquanto milhares morreriam. A sua vida... mas, o que seria de Wyll? Como seria a sua vida sem o seu amor, somente ele a tinha ensinado como viver? Wyll havia liberto Rosan de uma jaula de cristal escuro. Ela não podia deixá-lo!

Rosan olhou para seu ex-noivo Attakus e balançou a cabeça.

— Não, eu não posso — disse ela, e fugiu. Ela disse adeus a sua mãe e correu. Ela ignorou os apelos ameaçadores de Thorina. Attakus correu atrás e agarrou seu braço.

— Onde você pensa estar indo? Para ele? — ele disse a ela.

— Sim, para ele. Eu quero ficar com ele para sempre.

— Você quer ser a prostituta deste bekkar terrano? — gritou o arcônida atordoado.

— Prefiro ser a prostituta de um bekkar terrano, do que a sua esposa — Rosan gritou com ele, e deu um tapa no rosto de Attakus.

Ele a deixou ir. Ela aproveitou a oportunidade e correu. Attakus deu a Zhart uma ordem para ficar de olhos nela.

Attakus não desistiria da sua posse. Ele era um arcônida. Wyll Nordment um bárbaro. Ele não tinha o direito de tirar nada de um aristocrata. Rosan era um brinquedo para Attakus. De certa forma, ele a amava, ou melhor; ele era obcecado por ela.

Spector estava de pé ao lado de seu primo e olhou para ele em silêncio. Ambos olharam para a cápsula de salvamento em que Thorina estava. O oficial Lichtern deu ao navegador Gellar um sinal para ele entrar na cápsula.

— Mas você precisa de mim ainda. — disse Gellar.

— Não fale bobagem, Navegador. Nós também precisamos de pessoas capazes nas cápsulas de salvamento. Você ainda é jovem. Você tem toda a vida diante de você — disse Lichtern insistentemente.

O jovem oficial finalmente seguiu com sentimentos mistos a ordem e assumiu o comando da cápsula de salvamento.

O barco foi lançado. Lichtern deu as ordens, para usar o dispositivo antigravitacional. Lentamente, a cápsula deslizou para baixo até atingir a água. As pessoas no barco começaram a remar para longe da LONDON com remos improvisados.

 

***

 

O pânico estava ficando maior. A LONDON tinha alcançado uma inclinação de quatro por cento. Ela se encheu cada vez mais com água. O hangar foi inundado agora.

Quando a distância da água ficou menor, alguns homens decidiram pular na água fria.

Aqueles que sobreviveram ao salto, tentavam desesperadamente chegar a um dos barcos salva-vidas.

Perry Rhodan e Sam observavam os esforços consideráveis das pessoas para salvar as suas vidas. Quanto tempo levaria antes que o pânico em massa eclodisse? Até que pensassem em salvar apenas a sua própria vida?

Alguns nadadores gritaram de repente e tentaram fugir. Eles não voltaram para a superfície. Rhodan olhava desconfiado para água. Ele pediu a Spechdt para jogar um projetor luminoso na água.

— Lá parece ter alguma coisa — Virou-se, Sam alertando com firmeza.

— Parece que são as coisas parecidas com tubarões — determinou Rhodan.

Neste momento, uma dessas criaturas saltou para fora d’água depressa. O animal escamoso azul pegou um imartense e puxou-o para as profundezas. Rhodan estimou o comprimento do peixe em mais de seis metros.

— Oh meu Deus. Os barcos devem ser cuidadosos! — gritou Rhodan.

 

***

 

Uma das cápsulas de salvamento ficou em pânico quando um dos homens tentou chegar ao barco.

Delia Gaton gritou histericamente. O plofosense se agarrou na borda da cápsula e tentou se levantar. Thorina reagiu rapidamente e pegou um leme improvisado. Impiedosamente ela bateu na pessoa desesperada.

Um dos predadores foi atraído. Ele rapidamente saltou sobre o homem e o mordeu. Ele foi rasgado em duas partes. A parte superior do homem ainda estava pendurada no barco. Guinchando, abraçou a sua esposa e filhos. As mulheres tinham medo de jogar o que restou fora. As crianças começaram a chorar. Gellar tentou acalmá-las.

Thorina teve menos problemas. Ela caminhou com cuidado até a borda e pós fim ao trabalho dando um pontapé no morto. Mas segundos depois, a besta bateu na cápsula ao tentar comer o resto do homem. A cápsula não virou, mas alguns dos passageiros caíram. Thorina perdeu o equilíbrio. Ela queria pegar a mão de Delia Gaton, mas já era tarde demais. Ela mergulhou na água. Tão rápido quanto podia, ela reapareceu e pediu ajuda. Ela tentou chegar ao barco, mas os demais em pânico remaram para longe dela. Eles não trataram Thorina de forma diferente do que a arcônida tratou o homem que pedira ajuda. Embora Gellar gritasse instruções em contrário, já era tarde demais para Thorina.

Imediatamente apareceram quatro outros animais marinhos e lançaram-se sobre a presa. A velha Orbanashol gritou, quando uma das criaturas grudou em seu abdômen. Bufando ela tentou manter-se na superfície. Em seguida, o animal estava a poucos metros dela. Delia Gaton olhou incrédula para o espetáculo. O dorso de Thorina Orbanashol moveu-se num círculo de água que se estendia com as mãos para cima, gritando loucamente. Em seguida, gritou um gargarejo e suspirou antes de afundar para sempre nas profundezas do mar. O oceano se tingiu de vermelho.

 

***

 

Rhodan virou-se rapidamente.

— Temos que jogar carne e outros alimentos na água. Os bichos devem ser satisfeitos antes de se lançar sobre nós.

Ele e Sam se moveram em conjunto com alguns outros para a cozinha e pegou tanta comida quanto eles poderiam transportar, e as jogou no mar. Os tubarões se lançaram sobre elas.

— Vamos esperar que seu plano funcione — disse Sam.

Rhodan sacudiu a cabeça. — Era algo bastante desesperado. Os homens e as mulheres não podem resistir muito na água. Mas até que a ajuda chegasse, se houver ajuda, podem se passar dias. Se esses animais nos atacarem, não teremos chance.

Quanto tempo as pessoas poderiam aguentar no frio e na água repleta de tubarões? Meia hora? Era impossível estimar. Rhodan amaldiçoava Rodrom e Gaton!

 

03h10min

 

Alex Moindrew pediu aos passageiros para colocarem os coletes salva-vidas pré-fabricados para finalmente ir para o convés. Ainda havia um monte de hóspedes que estavam correndo ao redor nos corredores ou esperavam em suas cabines. Outros até mesmo jantavam, ou estavam no salão do observatório astronômico, ou na Torre A e B. A água ali parecia tão infinitamente longe. Uma falsa sensação.

Rumo ao seu objetivo, Rosan correu em toda a sua trajetória. Ela estava sem fôlego. Seus olhos lacrimejantes.

— Rosan, o que você ainda está fazendo aqui? — ele perguntou. — A LONDON vai naufragar na próxima hora. Não há cápsulas de salvamento suficientes. Você tem que salvar a si mesma.

— Onde se encarceram os criminosos? — perguntou Rosan.

Moindrew estava irritado.

— Por favor, é importante. Onde fica o cárcere da área de segurança.

Moindrew indicou-lhe o caminho para o bloco prisional. Rosan fez um curto agradecimento e correu para a parte inferior da espaçonave, que já estava parcialmente submersa. Moindrew foi para fora. Ele seguiu para evacuação. Furioso, ele foi até Rudocc.

— O que é isso? As cápsulas não estão nem sequer cheias pela metade.

Rudocc também perdeu seus nervos completamente no final. Ele estava completamente impotente nesta situação. Ele balançou a cabeça.

— Nós... nós não sabemos se as cápsulas aguentariam — ele pediu desculpas.

— As cápsulas são feitas de puro aço, elas não se desfazem, certamente não com 100 pessoas. Nem mesmo com 100 halutenses. Maldito seja, traga de volta as cápsulas e enche-as completamente. Toda vida que pode ser salva, vale a pena!

O policial acenou com a cabeça e rapidamente ordenou que mais passageiros entrassem nas cápsulas. Ele chamou as outras cápsulas, mas ninguém o ouvia.

 

***

 

Moindrew e Rudocc foram às pressas até o capitão Holling, que andava sem rumo pelo convés e assistia com horror a evacuação.

— Senhor, temos que chamar os barcos de volta, para que possamos colocar mais passageiros. Eles não me ouvem, mas você tem mais autoridade como capitão — disse ele ao comandante.

No entanto, o plofosense ficou com uma expressão cada vez mais confusa.

— Sim... sim, se você diz — disse ele devagar e olhou em volta. Ele agarrou um dispositivo de som e caminhou até o parapeito. — Atenção, atenção. Aqui fala o comandante. As cápsulas, que não estão totalmente carregadas, devem retornar imediatamente para acomodar mais pessoas. É uma ordem! Retrocedam!

Mas as pessoas não responderam. Eles estavam com medo que de repente a LONDON naufragasse ou que demasiadas pessoas viessem a bordo.

Nenhuma das cápsulas de salvamento voltou. Holling repetiu a ordem mais algumas vezes antes que ele decepcionado soltasse o dispositivo de som. Tudo estava perdido. As pessoas não se preocupam mais com a vida dos outros. Elas estavam contentes de ser salvar.

 

  1. Capítulo 10 

Amor inseparável

 

03h20min

 

Rosan vagava pelos corredores vazios. Ela olhou para um diagrama, que mostrava um mapa da LONDON. A área de segurança estava localizada perto dos alojamentos da tripulação. Estes, no entanto, já estavam debaixo de água, assim como partes do hangar. Era bem possível que Wyll já tivesse se afogado, mas ela se recusava a acreditar nisso. Ela tinha que tentar. Rosan pegou um desvio, mas sempre as seções já estavam sob a água.

Finalmente, ela encontrou uma escada que não estava sob a água. Ela desceu correndo as escadas, e mergulhou os pés na água fria. De todos os lugares fluía água para dentro da passagem. Apenas um tornozelo de profundidade, mas estas circunstâncias mudariam em breve. Rosan continuou a correr, ignorando a temperatura fria da água.

— Wyll! — chamou ela. Mas não houve resposta. Ela chamou o seu nome constantemente, cada vez mais alto.

Um julziisch, que era mordomo na LONDON, passou correndo por ela. Ela agarrou seu braço e puxou-o para ela.

— Ajude-me, onde fica o bloco de detenção?

— Por todas as criaturas da água, eu tenho que ir... eu preciso fugir para bem longe, longe, longe! — gaguejou o gatasense, agitado. Ele não notou Rosan e cambaleou até as escadas.

Rosan desceu outro lance de escadas, este levava ao “bloco de detenção”. A água estava agora até os quadris. Estava bastante fria, mas não gelada. Ela gritou pouco antes de climatizar seu corpo.

No caminho ela encontrou um maahk que vagueava calmamente pela água.

— Você viu um jovem terrano por aqui?

Rosan estava desesperada. Lágrimas nos olhos.

— Eu vi muitos jovens terranos na espaçonave. Por favor, defina a sua descrição — o metanita respondeu friamente.

Rosan revirou os olhos. — Por favor, ajude-me a procurar por ele. Ele está aqui em algum lugar, eu preciso salvá-lo.

O maahk fez um gesto de desprezo. — Ilógico. De qualquer maneira homens não são permitidos nas cápsulas de salvamento, então eles vão morrer de uma forma ou de outra. Senão, mais cedo ou mais tarde, não importa.

— Idiota! — respondeu a mestiça arcônida, brava e continuou a andar pela água. O maahk olhou inexpressivamente com seus quatro olhos através do capacete de vidro.

Ela fez seu caminho pelo corredor e gritou chamando por seu amado. A luz apagou. Assustada, Rosan estancou e ouviu o rangido sinistro de paredes e portas. Ela respirava alto, tentando não entrar em pânico total. Finalmente a luz voltou novamente.

Além do barulho da água na entrada, ela ouviu um toque abafado. Vinha de um poço antigravitacional inundado ao lado dela. Rosan olhou para baixo, porque uma sombra se aproximava. Havia algo na água.

— Wyll — gritou Rosan, impaciente.

Desta vez, ela ouviu vagamente: — Rosan, eu estou aqui.

Ela correu na direção de onde vinha o som. A chamada tornou-se mais alta. Ela invadiu uma sala em que Wyll estava acorrentado com correntes de energia num tubo.

— Rosan, por que está aqui?

— Para salvá-lo, o que mais? — ela disse e beijou-o.

— Você tem que desligar as algemas.

— Como? Existe uma chave ou um código?

Wyll não sabia. Ele pensou por um tempo. A água subiu cada vez mais alto. Alcançou lentamente o busto de Rosan.

— Você tem que sobrecarregá-la. Na gaveta da mesa há um radiador térmico.

Rosan lutava para atravessar as massas de água para a mesa em frente e tirou a arma. Ela apontou a arma para as algemas.

— Espere, espere. Pratique primeiro em objetos sem vida — Nordment sugeriu levemente afligido.

— Não há tempo — disse ela, e disparou.

Wyll gritou, mas foi improcedente. O feixe energético sobrecarregou os grilhões que se extingam imediatamente.

— Ok, agora vamos sair daqui!

O terrano pegou a mão da sua amada e eles deixaram rapidamente a sala. Wyll amaldiçoou várias vezes em razão da temperatura da água.

Você tem que nadar ao longo do corredor. Somente quando os dois chegaram a um nível mais alto, eles foram capazes de caminhar novamente. Mas a água fluía atrás deles. Eles pararam num impasse. A pesada porta de aço bloqueou o caminho para a próxima seção.

A água já estava nos tornozelos.

— Precisamos ir para o poço antigravitacional. Existe sempre uma escada de emergência. Nós podemos subir lá — disse Wyll.

Rosan olhou para seu dispositivo portátil. Mas ele estava muito molhado. A água se derramara na tela e o touchpad não respondia aos seus toques.

— Nós achamos — Wyll disse alegremente. No caminho, dois pequenos seres de pele azul correram na direção deles. Nordment e Orbanashol os conheciam bem, eram Herban e Hiretta Livilan Arkyl. O hasprone apontou seu radiador térmico para eles. Rosan retirou o dela sob o manto, molhado.

— O que é isso? — perguntou Nordment.

— Nós nos perdemos. Ajude-nos a sair daqui — exigiu Herban Livilan Arkyl.

— Você não precisa nos ameaçar com uma arma. Estamos também à procura de uma saída. Venha comigo.

Will empurrou o pequeno hasprone. Rosan sempre segurando a sua mão direita, colado a ela o radiador térmico. Ela não confiava em nenhum filho da fonte de matéria. Os dois hasprones levavam mochilas pesadas com eles, tilintando ruídos dentro delas. Não era preciso ser um gênio para saber que eles se enriqueceram. Mesmo em face da morte, a perspectiva de espólio, aparentemente, ainda era mais atraente para tais seres.

A água subia cada vez mais alto e os hasprones tinham problemas para ficar de pé.

— Jogue as mochilas fora — exigiu Rosan.

— Nunca. Esta é a nossa aposentadoria — Herban disse sem folego.

— Herb, eu não posso — suspirou Hiretta. Ele a empurrou. Por fim chegaram ao poço antigravitacional.

A água subia. Eles tiveram que se apressar. Primeiro Rosan subiu, em seguida, seguiu Wyll. O hasprone veio atrás não muito rápido. A sua bagagem era muito pesada. Rosan atingiu o andar de cima, mas a escotilha estava trancada.

— Merda! Se tiverem fechado todas as escotilhas, estamos presos.

— Rosan, você tentou abrir o console? — Wyll perguntou.

— Sim — ela disse, batendo ao redor. Mas nada aconteceu. — Sem força.

— Nós podemos abri-la manualmente com uma alavanca. Mas a água está subindo muito rapidamente, vamos tentar nos andares superiores — Wyll aconselhou. Rosan confirmou. Eles subiram três andares mais acima e tinham ganhado alguma distância da água.

De repente, uma explosão sacudiu a espaçonave. Rosan quase perdeu o equilíbrio, mas Wyll a apoiou.

Hiretta Livilan gritou.

— Eu já não posso. É tão difícil — ela gritou.

— Dê-me a mochila — exigiu Herban.

Ele desceu até ela, tomou a bagagem pesada e perdeu o equilíbrio. Gritando, ele caiu na água.

— Não, a mochila — ele gritou de horror.

Wyll pediu para o hasprone ganancioso voltar para a escada. Atrás dele nadava uma longa sombra. De repente, um predador similar ao tubarão pulou para fora da água e engoliu Herban Livilan Arkyl com uma bocada.

Hiretta gritou e se agarrou a escada.

— Você tem de chegar até nós! — gritou Wyll, mas a hasprone estava em choque.

Wyll quis puxá-la, mas uma segunda explosão a fez cair na água. Rosan estava horrorizada. Uma terceira explosão varreu a escotilha bem ao lado de Hiretta. Uma onde de incêndio envolveu a hasprone que gritava antes de cair em chamas na água. O fogo a seguia como uma cachoeira.

Onde estava Wyll? Finalmente, ele reapareceu e se deixou levar pela água. Mas, atrás dele, Rosan reconhecia uma sombra. Instintivamente, ela puxou o radiador e disparou contra o predador marinho antes que pudesse agarrar Wyll. Finalmente ele chegou a escada e subiu de volta até ela.

— Vá em frente, Rosan! Rápido!

A água chegou mais perto e rapidamente subiu com mais velocidade. Eles se moveram bem rápido subindo pela escada. Por dois andares, Rosan puxou a alavanca para cima e para baixo para tentar abrir a escotilha manualmente. Mas era difícil. Ela deixou Wyll tentar. A água já tinha chegado a eles. Com dificuldade, os dois conseguiram abrir a escotilha.

Correram por um corredor e chegaram a uma seção com duas saídas. A partir de ambos os lados jorrava água. Eles estavam numa sala de vidro e portas de madeira. Elas não durariam muito.

Uma criança pequena dos gatasenses estava na água e gritava por seus pais.

— Nós temos que levá-lo.

Wyll pensou por um momento, em seguida, ele atendeu a chamada da mestiça arcônida e correu até o blue.

Wyll pegou a criança em seus braços e queria correr. Quando um segundo julziisch o atacou. Ele gritou para Wyll em gatasense e pegou o menino dos braços dele. Ele então correu para uma das saídas. Mas, foi quando a água quebrou as portas de vidro e o blue e seu filho foram varridos pelo maremoto.

Rosan e Wyll correram por suas vidas, mas a onda também os atingiu. Os dois foram empurrados para o chão. Wyll conseguiu segurar no corrimão. Ele agarrou Rosan em seu vestido e puxou-a para ele. Em seguida, eles nadaram laboriosamente ao longo de um corredor e conseguiram alcançar a tempo um piso mais alto, antes do outro ser completamente inundado. Agora, finalmente, chegaram à parte onde havia uma seção seca da LONDON. Eles se apressaram para chegar aos conveses de fora, na esperança de ainda encontrar um lugar numa cápsula livre.

 

03h50min

 

A espaçonave tinha agora se inclinado e afundado mais no fundo do mar. A água já começava a chegar a seção superior dos passageiros. Já assumirá a parte frontal do convés. Foram liberadas 37 cápsulas de salvamento até agora na água.

Muitos seres tentaram em vão chegar a um dos barcos. Rudocc e os outros tiveram de ameaçar alguns até com radiadores térmicos, para que eles se retirassem. Os nervos do primeiro-oficial estavam em frangalhos.

Rudocc queria ir para uma seção inferior, mas já inundada, e neste caso, com o líquido mortal no poço antigravitacional.

A banda tocava implacável. O acompanhamento musical parecia agora um réquiem.

Rosan e Wyll reconheceram Attakus, Spector e Zhart.

Attakus correu em direção a eles.

— Aí está você. — Ele colocou seu casaco sobre a mulher molhada. — Você tem que ir imediatamente nesta cápsula!

Rosan balançou a cabeça.

Mas Wyll a aconselhou: — Escute, você tem que ir.

— Mas o que será de você? — ela perguntou.

— Eu vou ficar bem. De alguma forma eu consigo me salvar — disse Wyll e tentou tranquilizá-la dessa forma.

— Eu tenho um acordo com um dos oficiais, ele tem disponibilidade para nós. Wyll também pode ir, se for absolutamente necessário — sugeriu surpreendentemente Attakus.

— Isso é verdade? — perguntou Rosan.

— É claro! — respondeu-lhe o arcônida, sem pestanejar.

Wyll assentiu para ela. Ele sabia que Attakus estava mentido, mas ele tinha que colocar primeiro Rosan em segurança.

Ela subiu para dentro da cápsula, o qual foi, em seguida, puxada lentamente por um dispositivo antigravitacional para baixo. Rosan olhou para os dois homens que cuidaram dela.

— Não há acordo, não é? — Wyll queria saber do arcônida.

— Sim, mas isso não se aplica a você — disse Attakus friamente.

 

***

 

Tudo correu para eles em câmera lenta. Ela olhou para as outras pessoas que tentaram gritando e chorando, salvar as suas vidas. Lentamente, a espaçonave salva-vidas se conduziu em direção ao mar. Ela olhou para os policiais, que tentaram abnegadamente e incansavelmente salvar a vida dos passageiros. Então, novamente, as pessoas entraram em pânico e fizeram tudo o que podiam para sobreviver. Uma última vez, ela olhou para Wyll, que logo baixou a cabeça em resignação.

Rosan não sabia exatamente o que ele significava. Mas ela tinha a sensação de que era a última vez que ela o olharia nos olhos. Foi uma despedida para sempre!

Ela pensou em Attakus como ele era desonesto. E se não houvesse nenhum trato? Wyll era o homem que ela amava. Ela não podia simplesmente deixá-lo sozinho na LONDON. Ela foi invadida pelo pânico quando ela percebeu que realmente tinha dado um Famal Gosner7 a ele.

Ela estimou a distância até o parapeito e saltou para fora da cápsula. Mal chegou ao corrimão, e segurou fortemente.

Wyll e Attakus gritaram quase ao mesmo tempo. Então Nordment correu.

Algumas pessoas ajudaram Rosan a chegar novamente na espaçonave. Ela subiu as escadas para chegar até Wyll. Ela só pensava nele, e ficar com ele. Ela não queria viver sem ele. Que vida seria! Era impossível para ela deixá-lo. Eles tinham que trabalhar em conjunto para encontrar uma maneira de salvar-se ou morrer juntos. No salão estelar eles se encontraram e se abraçaram.

— Rosan como você pôde ser tão estúpida? — ele disse suavemente.

— Sem você eu não vou deixar esta espaçonave.

Spector que tinha visto a cena. Olhou para seu triste sobrinho. Então ele gritou, puxou o radiador térmico do coldre de Zhart, que surpreso tentou deter Spector. Mas já era tarde demais. Agressivo, ele correu em direção a Rosan e Wyll.

— Agora eu faço deste essoya maldito um presunto! — Ele berrou, em seguida, correu em direção a eles.

— Rosan, corra! — gritou Wyll.

Eles correram pelas grandes escadas dentro da espaçonave. Lá, eles tentaram escapar da fúria de Spector Orbanashol, mas ele ficou em seus calcanhares. Como um louco, ele desceu correndo as escadas e disparou contra os dois. Ele trombou com um unitro que queria salvar-se.

— Merda, saia do caminho! — murmurou o arcônida e começou a procurar os dois.

Ele desceu as escadas correndo e se deparou com Tuerkalyl Oebbysun, Kolipot e Terek-Orn, que seguravam um copo de Vurguzz na mão.

— Terek, como vai você? — o arcônida o brindou de acordo com a etiqueta.

— Bem, nós estamos prontos para cair como homens de honra — respondeu o tópsida.

— Tudo bem, eu relatarei isso a sua esposa quando eu voltar a Árcon — disse Spector e continuou a sua busca.

Ele rapidamente os encontrou e não os perdeu mais. Ele apontou novamente para os dois.

Os amantes fugiram para uma sala de jantar. A água chegou até a cintura deles.

— Esconda-se atrás das cadeiras — sussurrou Wyll.

Rosan ficou a princípio indecisa. Será que ela deveria falar com Spector. Até então ela fizera o que ele queria. Ela confiava nele. Wyll também se escondeu.

Spector atravessou a sala. A água penetrava por todos os lados no grande salão, ele havia jantado ali há algumas horas. Fora a inundação crescente, tudo estava silencioso. Muito quieto. Spector olhou por toda a sala. De repente, um tubo rompeu no teto e bateu numa mesa. Um tubo quebrou. Água fluiu a partir do alto pelo corredor. Rosan gritou e se esquivou das massas de água. Spector disparou imediatamente! Wyll atacou-o de lado e chutou-o no quadril. Orbanashol atingiu Nordment no queixo, pegou-o e empurrou-o. Ele fez mais um disparo fatal. Rosan pegou o radiador, mas ele não estava mais na sua jaqueta. Ela o havia perdido. Apressadamente ela pegou os pratos e os jogou em Spector. Um acertou-o na testa e quebrou. O sangue fluiu a partir da ferida. Nordment aproveitou a chance e atingiu a genitália de Spector Orbanashol. Ele imediatamente correu para fora da sala com Rosan. Spector atirou com o radiador térmico atrás deles, usando todo o magazine da arma.

Ofegante, ele se levantou e seguiu-os. Eles entraram na cozinha. Wyll pegou uma faca de cozinha. Rosan procurou, entretanto, uma segunda saída. Todos os caminhos levaram a um beco sem saída. Ela encontrou apenas salas de refrigeração e de armazenagem. Por fim, ela descobriu uma porta que dava para um longo corredor, mas Spector já os tinha alcançado. Berrando ele agarrou Nordment e jogou-o contra um armário da cozinha. Wyll golpeou freneticamente com uma faca e bateu no ombro do arcônida que gritou de dor. Wyll recuou. Orbanashol agarrou uma faca de açougueiro e jogou-a em Nordment, que mal conseguiu esquivar da lâmina. O arcônida olhou brevemente para cima, em seguida, subiu num fogão e arrancou um tubo da parede superior. Ele tentou matar Wyll batendo com ele nas suas costas. Nordment deixou cair a faca. Imediatamente Orbanashol correu até ele. Ambos estavam lutando na água.

Rosan só podia assistir a tudo de braços cruzados. Spector atingiu o terrano várias vezes na região dos rins. Wyll caiu gemendo.

Rosan foi atrás do seu padrasto para contê-lo. Isso deu a Nordment o tempo necessário para recuperar o fôlego. Após o arcônida derrubar a sua enteada, os adversários lutaram novamente e Wyll o chutou no estômago. Ofegante, ele caiu em colapso.

A porta explodiu embaixo dele e a massa de ar quente pegou Spector. O casal correu para a segunda saída e fugiu pelo corredor. Em todos os lugares a água saia através das portas. Orbanashol estava logo atrás deles. Eles ouviram o grunhido exausto. Finalmente, eles encontraram uma maneira de chegar ao andar superior. Wyll e Rosan subiram a escada, que terminava numa grade. Bloqueada eletronicamente.

Wyll sacudiu a grade.

— Talvez nós possamos abri-la com um curto-circuito? — sugeriu Rosan atrás dele.

Spector Orbanashol chegou mais perto. Mas ele teve que lidar com as inundações que o empurrava para a água repetidamente.

— Temos de nos apressar, senão nos afogaremos ou meu padrasto nos mata.

Nordment atrapalhou-se com o fecho da grade. Rosan o empurrou para ele se apressar. O líder do clã dos Orbanashol tinha recuperado a consciência plena. Ele viu quando os dois tentaram em vão abrir a escotilha. Arrogante, ele começou a sorrir. Então ele tirou do bolso um outro radiador térmico.

— Oh Deus, ele tem outra arma! — gritou Rosan.

Naquele momento, Wyll tinha conseguido abrir brevemente a grade. Eles se espremeram por ela antes dela se fechar novamente. Spector dirigiu os raios energéticos da arma nos dois, no entanto, atingiu o cadeado da grade, que se fundiu com o calor.

Orbanashol perdeu neste exato segundo a sua superioridade. Ele rapidamente percebeu o que tinha feito. Ele rapidamente correu para a grade e tentou abri-la, mas a tranca não mais se movia. A água o empurrou para o lado. Ele perdeu o radiador térmico com o qual poderia tentar cortar a malha. Quando ele viu os dois debruçados no sistema de manutenção, ele olhou para eles com raiva. Rosan não entendia o ódio sem limites que via nos olhos de seu padrasto. Ela olhou para ele com tristeza. A água subiu bem mais alto. Jogando longe Spector, que ainda se agarrava à grade. Ele tentou abrir a força as suas dobradiças. Nordment e Rosan ajudaram. Mas tinha sido inútil, porque a grade não se mexia. Spector escorregou uma mão. A água chegou até o pescoço. Wyll agarrou Rosan e apressou-a para sair imediatamente. Rosan lançou um último olhar para o seu padrasto.

— Sinto muito, não podemos ajudá-lo. Famal Gosner...

Havia arrependimento na voz de Rosan. Ela não queria. Ela não deseja a morte de ninguém. Nem mesmo seu odioso padrasto.

A água subia cada vez mais alto. Will e Rosan nadaram para fora do corredor. Isso deixou Spector Orbanashol sozinho desesperadamente balançando na cerca até ele não poder mais. Ele perdeu o contato com a porta, a água o empurrou. Ele tentou lutar, mas não havia nenhuma maneira de escapar. O corredor inteiro foi inundado. Orbanashol batia os punhos contra o teto. Primeiro, violentamente, em seguida, cada vez mais fraco. Quando ele soltou o ar, ele libertou as últimas bolhas da sua boca, em seguida, seus pulmões cheios de água selaram seu destino.

 

  1. Capítulo 11 

A Submersão

 

03h50min

 

A LONDON estava com a proa já sob a água. Ela agora ameaçava envolver a ponte com a enchente. Dez cápsulas de salvamento estavam disponíveis.

Attakus e Zhart perderam as suas passagens, enquanto eles estavam ocupados tentando encontrar Spector e Rosan. Finalmente Attakus decidiu fugir agora, mas ao fugir. Ele relutava em renunciar a seu prêmio, mas a sua vida era mais importante para ele. Ele tinha certeza de que ele choraria a morte de Rosan — por alguns dias ou mesmo semanas. Mas, em seguida, ele encontraria alguém novo. Ele rapidamente correu para o primeiro-oficial Rudocc, que supervisionou os últimos barcos.

— Eu preciso de um lugar. Agora — exigiu o aristocrata.

Rudocc olhou para ele com espanto.

— Eu pago por isso! — disse Orbanashol suavemente.

O primeiro-oficial pegou o dinheiro e jogou-o na cara do arcônida.

— Para o inferno com o seu dinheiro, nós vamos morrer de qualquer jeito!

Attakus olhou para ele desesperadamente. Então Rudocc tirou o radiador térmico.

— Saiam de perto da cápsula! — Ele ordenou.

Attakus levantou as mãos para trás lentamente. Zhart o agarrou e puxou para longe. Os dois correram para o outro lado da espaçonave, na esperança de que ainda houvesse naves e oficiais que colaborassem.

A cápsula estava cheia com passageiros. Arno Gaton ficou em silêncio e ajudou algumas pessoas.

Para ele, era o maior desastre.

Ele já não pedia desculpas. Certamente se ele voltasse para Terrânia teria de responder perguntas. Seu cargo de porta-voz Hanseático estava indo para o brejo. Dois sequestros e um defeito na sintrônica seriam atribuídos a ele. A confiança do mercado na Liga Hanseática iria embora, por causa da enorme perda.

No entanto, isso não era motivo para ele ficar na LONDON afundando. Ele ainda tinha recursos financeiros suficientes e com os advogados certos ele poderia se safar com um tapa nas costas.

Como ninguém mais subia na cápsula, o porta-voz Hanseático entrou nela. Agora as pessoas estavam esperando o sinal de Rudocc. Gaton fechou os olhos e orou para Rudocc deixá-lo seguir seu caminho.

Este viu Gaton e hesitou um pouco. Então ele deu a ordem para deixar o barco no mar.

 

04h10min

 

Perry Rhodan foi rebaixado a um auxiliar. Ele não podia fazer muita coisa. A LONDON foi a pique e com ela morreriam muitos seres. Ele não podia mudar muita coisa. Talvez ele viesse a morrer na mesma. Então Rodrom teria alcançado seu objetivo.

Afinal de contas, os tubarões tinham parado seus ataques contra as cápsulas de salvamento. Apenas ocasionalmente, eles atacaram os passageiros boiando. Rhodan contou as suas preocupações a Sam.

— Se tivermos de nadar, eu vejo um futuro negro para você. É melhor você entrar num dos barcos — Rhodan pediu ao somerense.

— Não. Antes todas as mulheres e as crianças precisam ser salvas, aí eu entro numa dessas cápsulas de salvamento — disse ele desinteressadamente.

Rhodan olhou para o céu, em seguida, derrubou o ser ave. Ele levou-o para a cápsula e colocou-o numa espaçonave. Nem Rudocc nem Sparks tinham objeções.

Rhodan olhou em volta e viu uma menina encolhida no canto. Ele imediatamente a pegou e colocou dentro da espaçonave. Então, ela foi abaixada para água.

Rhodan teve problemas em ficar de pé, quanto ele se dirigiu a estação de comando. A água borbulhando estava a poucos metros da central de comando. Holling vagava pelo corredor lateral e olhou em volta. Sparks estava sozinho na central de comando.

— Recebeu notícias? — perguntou Rhodan, mesmo ele já sabendo da resposta.

O afro-terrano balançou a cabeça.

— Nada, senhor! Enviei pedidos de SOS em centenas de frequências diferentes. Se alguém estiver do outro lado, ele deve em algum momento recebê-las.

Rhodan suspirou. Essa foi uma vaga esperança. Quem saberia que a LONDON estava ali? Em algum lugar no espaço vazio diante do Triangulum. Rhodan bateu no seu ombro. A espaçonave rangia incessantemente.

— Você fez o seu dever. Salve-se, se possível. Boa sorte!

Sparks compreendeu e saiu da central de comando. Rhodan deu uma última olhada em James Holling. Interiormente, ele disse adeus ao plofosense.

 

***

 

A LONDON inclinou-se cada vez mais. Agindo abnegadamente. A gerente de cruzeiro Terna Ambyl ainda tentava entrar em contato com os passageiros e levá-los a cápsulas de salvamento. Um exercício inútil.

O oficial Lichtern se aproximou da terrana.

— Terna, agora chegou a sua vez. Ainda há espaço.

Ambyl pensou por um momento, então ela balançou a cabeça.

— No Último barco talvez. Eu ajudarei as pessoas até lá, enquanto for possível.

Lichtern ficou impressionado com a coragem da gerente de cruzeiro. Ela deu a ele um exemplo que inspirou seus homens. Mas cada vez se juntava mais gente a frente dele. Lichtern deu alguns tiros de aviso, de modo que tudo se acalmou, mas foi inútil. Quanto mais a espaçonave se inclinava mais água penetrava, tudo ficava pior a cada momento. O que era curioso, pois a banda ainda estava tocando. Era uma parábola dos dias finais.

Como a espaçonave estava sempre se inclinado eles tentaram uma música moderna.

— Eu acho que cumprimos com o nosso dever — disse um deles.

O outro sacudiu a cabeça. — Para onde é que vamos? Vamos tocar.

Ele começou uma nova canção trágica. Era um réquiem ferrônio. A canção se misturava com os gritos de pânico em luta pela vida. A LONDON afundava mais rápido agora. Ela havia se inclinado tão profundamente no mar, que itens soltos caiam na água, os passageiros e membros da tripulação tiveram que se esforçar para permanecer de pé, enquanto as últimas cápsulas de salvamento deslizaram na LONDON inevitavelmente para as águas profundas do oceano escuro, neste ínterim o centro de comando submergiu.

 

04h17min

 

James Holling foi para a ponte e fechou a porta. A LONDON continuou se inclinando na proa. As águas cercaram a ponte. No entanto, às janelas resistiram firmes.

O velho plofosense colocou-se a frente dos controles de navegação e terminou com a sua vida.

Ele não queria isto. Ele não entraria na história, como um capitão glorioso e respeitado, mas como o capitão do naufrágio da LONDON.

Agora, ele teve seu desastre. Ele seguiu o exemplo de inúmeros antecessores e morreu em sua espaçonave. Foi uma honra e um fardo ao mesmo tempo. Holling pensou em sua família, seus netos, que estavam esperando por ele. Ele nunca os veria novamente.

Mas quantos filhos e netos morriam ali nesta espaçonave agora? Isso o encheu de tristeza. Tudo começou a ranger. Holling prendeu a respiração.

A pressão da água esmagou as janelas e a porta e a água fluiu para dentro, cercando o comandante da LONDON.

 

***

 

Em todos os lugares agora a água penetrava. O salão estelar, em que o embaixador tópsida Terek-Orn, o julziisch Tuerkalyl Oebbysun e o patriarca saltador Kolipot tomavam o seu último gole de Vurguzz, foi inundado. Horrorizados, mas graciosamente aguardando com expectativa os três foram levados pelas ondas chegaram ao seu fim sem dizer uma palavra.

A mãe gatasense, que não conseguiu chegar a uma espaçonave salva-vidas, sentou-se com seus três filhos na cama da cabine e contou-lhes uma história da criatura azul, vermelha e amarela que aguarda com expectativa ver em breve os três.

Alex Moindrew vagando pela espaçonave se manteve numa sala de estar disponível. Ele olhou para o relógio e notou que já não funcionava corretamente. Pedante, ele tentou ajustar a hora. Em seguida, o relógio se soltou do pódio e caiu no chão. Ele teve que admitir que a LONDON não era uma espaçonave perfeita. Ela não era indestrutível. Este tal de Rodrom lhes havia provado isto. E eles pagaram por isso com as suas vidas.

Moindrew perdeu o equilíbrio e teve que se segurar. A partir das portas laterais a água jorrou e pressionou o engenheiro para o chão. Moindrew não fez nenhuma tentativa de salvar a si mesmo, em silêncio, ele aceitou a sua morte.

Jakko Mathyl atingiu a penúltima espaçonave salva-vidas. Ele pediu a Lichtern para ir no barco.

— Por favor, por favor... eu tenho em casa uma mulher e uma criança. Eu quero os ver de novo — disse o banqueiro, entre lágrimas.

Lichtern olhou ao redor e perguntou se havia mulheres ou crianças por ali. Ninguém respondeu. Ele olhou profundamente nos olhos Mathyl, e permitiu-lhe ir na cápsula.

O empresário gargalhou.

— Os sobreviventes terão uma conta livre de taxas no nosso banco galáctico! — disse o homem alegre.

A cápsula de salvamento já estava superlotada. Mathyl foi o último a entrar. Atrás dele, Mathyl ouviu o choro de duas crianças epsalenses. Os dois meninos gordinhos se sentaram num banco e se abraçaram.

Mathyl hesitou. Ele olhou nos olhos aterrorizados dos dois. Ele queria levá-los com ele. Mas o lugar era apenas o suficiente para um deles. Eles eram muito grandes. Ele seria capaz de salvar apenas um, a menos que...

Mathyl olhou em volta. Ele pensou em sua família. Então ele pensou no futuro destes dois epsalenses. Tremendo, ele tomou os dois pela mão e colocou-os na cápsula de salvamento.

Lichtern observou Mathyl com olhos lacrimejantes. Então, ele pegou no braço de Mathyl e puxou-o para trás suavemente. Ele então deu a ordem para deixar a cápsula na água.

Para Mathyl agora não havia espaço. Chorando, ele ficou no trilho e viu a sua última chance se afastar.

Ele só tinha pensado em toda a sua vida em alguma forma de ser capaz de obter benefícios financeiros. Mas desta vez ele pensou na felicidade dos outros. Embora ele fosse um homem de negócios impiedoso, ele se tornou um herói naquela noite.

 

***

 

A LONDON boiava obliquamente na água. Toda a parte da frente já estava abaixo da superfície do mar.

Os homens e mulheres gritavam, tentando abrir caminho para a parte traseira. A última espaçonave salva-vidas foi literalmente invadida. Rudocc teve grande dificuldade para conter as pessoas.

— Parem ou eu atiro! — Ele gritou.

Um dos passageiros, um jovem aconense, não respondeu e subiu na cápsula. Rudocc o baleou duas vezes. Sem vida o homem desmoronou.

Rudocc ficou estarrecido com isto e deixou a arma cair. Alguns o amaldiçoaram, outros aproveitaram a oportunidade para chegar à cápsula. A água já tinha alcançado o convés, de modo que eles já nem sequer tinham que abaixá-la pelo dispositivo antigravitacional.

O primeiro-oficial olhou para seus colegas. Sparks e Lichtern trouxeram os últimos dois barcos de emergência ao convés. Eles haviam sido remendados com móveis de madeira há apenas alguns minutos. As pessoas correram em pânico para as ilhas de móveis. A inundação também já chegara a esta área. Alguns deslizavam por causa da posição inclinada, outros foram simplesmente varridos pelas ondas.

Attakus havia perdido seu servo Zhart no tumulto. Em última análise, ele se importava de qualquer maneira apenas por sua própria vida. Ele conseguiu entrar no barco.

No entanto, ele já começou a cambalear. A cápsula estava superlotada. O jovem arcônida manobrou o leme provisório para estabilizar o barco. Ele empurrou uma mulher velha da cápsula. Ela caiu gritando na água.

— Esta não deu para você, vovó — ele gritou para ela. Seu plano funcionou. A cápsula lentamente se afastou da espaçonave em naufrágio. Attakus acreditava estar em segurança.

A popa da LONDON ainda se ressaltava por vários metros da água. Cerca de um terço da espaçonave já tinha sucumbido. Mas agora começou a afundar cada vez mais rápido.

Ulryk Wakkner correu gritando e tentou segurar em algum lugar, mas a água puxou o banqueiro. O telhado de vidro do salão estelar se espatifou. Milhões de litros de água caíram de cima para abaixo. Os hologramas foram extintos, Os tesouros de arte foram lançadas num vórtice que se abriu no meio do salão. A água comprimiu as pobres almas no meio do salão estelar, dali elas foram puxadas por um redemoinho para as profundezas. Kolipot, Terek-Orn e Tuerkalyl Oebbysun já não podiam se segurar na sala de jantar principal e foram arrastados pelas águas ao seu destino mortal.

Os músicos da banda foram cobertos pelas ondas e empurrados pelas janelas estouradas. Terna Ambyl tentou pegar o último barco.

Lichtern estendeu a mão para ela e a chamou. Ulryk Wakkner observou a última embarcação. Ele nadou para o primeiro pilar de apoio da cúpula de vidro despedaçada, tentando alcançar o corrimão novamente.

Cerca de cinquenta metros na diagonal, o próprio Attakus assumira o controle da espaçonave salva-vidas. Jakko Mathyl nadou para lá. Cheio de esperança, ele chegou ao barco e chamou o nome de Attakus.

— Sai daqui! — gritou o arcônida, mas Mathyl não ouviu. Ele chegou à borda do barco e queria entrar.

— Ajude-me! Eu quero ir para casa!

Attakus tomou o leme improvisado e bateu no crânio de Mathyl. Ele caiu imediatamente e foi pego pela correnteza.

— Acredito que com isto eu botei um rumo no seu destino — murmurou Attakus e empurrou a todos, que se atreveram a chegar perto dele para longe do barco.

A inclinação sobrecarregou a estrutura de umas das torres. Com um grande som estridente e um barulho oco, a torre central rompeu e caiu com um estrondo na água.

Ulryk Wakkner gritou brevemente, em seguida, foi esmagado pelo peso enorme, como muitos outros que nadaram ali. A onda carregou algumas dezenas de galácticos da espaçonave. Incluindo Rudocc. Ele tentava, em vão se segurar numa grade. Uma onda maior chegou e o manteve sob a água até que ele não conseguiu mais respirar e a água entrou em seus pulmões.

Sparks por outro lado não se saiu muito melhor. Ele mal conseguia escapar da onda e remava agora em direção a popa. A onda também afetou Terna Ambyl. Ela foi empurrada contra a parede externa do convés e foi literalmente espremida. O segundo barco de emergência tombou. Lichtern segurou o barco com toda a sua força.

Enquanto isso, o pânico eclodiu. Os humanos e demais seres gritavam por socorro, mas ninguém poderia ajudá-los mais. O fim era apenas uma questão de minutos.

Pai Dannos e seus filhos da fonte de matéria se reuniram no convés traseiro. Eles se sentaram em torno de seu guru e o adoravam.

— Meus filhos, como o deus vermelho disse, nos ascenderemos, e assim abriremos o caminho para criar uma entidade — delirou o guru.

Stellara Chowfor viu uma criança terrana entrar na água e gritou em voz alta. Ela começou a chorar. A terrana tinha levado uma garrafa de Vurguzz para suportar o fim melhor.

A raiva se ergueu de repente dentro dela.

— Seu porco! — Ela começou a gritar com Dannos. — Você tinha dito, que com as crianças, nada aconteceria.

Ela apontou para a criança se afogando.

Dannos balançou a cabeça.

— Não — ele gaguejou.

— Você não entende. Ele disse... Stellara... a criança criará a harmonia cósmica!

Mas Chowfor já não acreditava mais em seu mestre. Ela puxou o radiador, que ela tinha trazido secretamente, e atirou cinco vezes em Dannos. Os raios o perfuraram. Seu rosto mostrava uma grande surpresa, em seguida, ele caiu para trás. Seu corpo sem vida, que parecia cair indefinidamente, colidiu contra os motores subluz e de lá na água.

O pai dos filhos da fonte de matéria estava morto. Seu plano perfeito finalmente falhara. Agora o pânico eclodiu entre os discípulos de Dannos. Eles correram para a parte traseira. Stellara tropeçou e caiu no convés para dentro da água.

A LONDON agora submergiu em mais da metade. Ela ficou em diagonal na água. A popa já estava a duzentos metros acima da superfície da água. Ainda cerca de 600 metros se projetavam para fora do mar.

Há todo momento, pessoas desesperadas pulavam na água. Elas caiam como frutas maduras da popa da LONDON. Aqueles que sobreviveram, em geral, não conseguiriam alcançar as cápsulas.

Novamente, os predadores estavam ativos. Eles abocanhavam os passageiros e os rasgavam.

 

***

 

Rosan e Wyll atingiram o convés. Eles abriram caminho lentamente através da massa que gritava na popa.

Eles passaram por uma entrada e saltaram para baixo. Rosan caiu no chão e perdeu contato visual com Wyll.

— Wyll? Wyll? — ela gritou. Ela tinha muito medo de que tudo isso não acabaria bem para eles.

Então, ela pegou uma mão. Para seu alívio, era Wyll. Ele correu com ela em direção ao final do navio.

Em seguida, um grande clamor, quando as luzes se apagaram. Se ouviu algumas explosões.

Implacáveis, eles abriram caminho de qualquer maneira.

Na frente deles estava um padre terrano que fazia a sua última oração. Diante dele, ajoelhavam-se muitos seres — não apenas terranos. Eles esperavam por sua absolvição, o perdão dos seus pecados. Outros queriam se preparar para ir ao encontro da morte.

Rumo à grade traseira Wyll e Rosan encontraram Shel Norkat. Ela estava em desespero.

— Se ao menos eu tivesse ficado com Aurec — ela gritou.

Rosan tentou traze-la junto, mas Shel se afastou e deu uma guinada em outra direção.

Anteriormente, o salão estelar do centro da espaçonave tinha sido o centro da atividade e da vida a bordo. Agora ele era inundado com corpos sem vida de homens e mulheres que boiavam por lá.

Quase 500 metros da espaçonave ainda estavam fora da água. Muitas pessoas deslizam para baixo no convés, porque ele estava muito íngreme. Eles batiam contra as portas ou protuberâncias.

Rosan e Wyll lutavam para abrir seu caminho até os motores subluz. Todos os sobreviventes se reuniram lá porque este literalmente era o fim da LONDON. Outros se reuniram na “parte de trás” da torre C.

No motor estava Perry Rhodan. Ele havia tentado trazer ordem ao caos, mas desta vez o imortal foi impotente. Ele havia se colocado atrás de uma grade e se agarrou nela.

Wyll e Rosan seguiram o seu exemplo. Wyll escalou, mas Rosan não teve um sucesso completo. Agarrou-se do outro lado da grade.

Próximo a ela estava Jakko Mathyl com um ferimento na cabeça aberto, que também ficou para trás no corrimão.

Algumas outras pessoas simplesmente pulavam na água. Alguns caíram nos motores e foram esmagadas. Outros não sobreviveram à queda na água.

Nada poderia salvá-los. O medo e o desespero estavam estampados em todos os rostos.

As cápsulas de salvamento se afastaram cerca de 500 a 1.500 metros do evento. Assim, eles chegaram a uma distância razoavelmente segura.

A LONDON sobressaia sombriamente das águas. As luzes e a música tinham acabado. Ainda se podia ouvir as pessoas gritando e chorando a bordo. E corpos batendo no metal!

Arno Gaton sentiu um frio na espinha.

Sam já tinha voltado à consciência. Ele amaldiçoou Perry Rhodan que o havia derrubado. Ao lado dele, ele viu Spechdt, o operador de localizador, que era responsável pela cápsula.

Sam olhou para a LONDON e desejou a Perry Rhodan boa sorte. Ele orou pelos seres a bordo da LONDON. Ele orou por suas almas e para a sua rápida libertação. Ele esperava que ainda encontraria alguns. Especialmente Perry Rhodan...

 

***

 

Zhart agarrou-se ao corrimão e tentou subir ao topo. Ao lado dele, vinha Mugabe Sparks, que estava tentando a mesma coisa.

Mas ainda havia cerca de 500 metros para a seção de motor de LONDON. Zhart estava no topo da segunda torre que desabou da espaçonave. Neste momento, ele amaldiçoou seu protegido Attakus. Se este tolo não tivesse constantemente perseguido Rosan, Zhart, então, teria uma chance de sobrevivência. Agora todos os barcos foram embora. Só um milagre poderia salvá-lo. O arcônida pensou ter ouvido um rangido e explosões do interior da espaçonave.

Alguns geradores explodiram e várias rachaduras se espalharam por toda LONDON. A secção dianteira, portanto, já não podia carregar os 500 metros da parte traseira e os motores pesados. Ela se rasgou no meio. Sparks gritou e tentou segurar em algum lugar, Zhart quis se agarrar no corrimão, mas escorregou e caiu através das rachaduras para a morte.

A parte traseira do LONDON caiu na água batendo contra ela. As pessoas gritaram durante a queda.

Rosan fechou os olhos e segurou firme. A sensação de seu estômago enjoado aumentou. Ela sentiu-se mal por causa da queda rápida. Ela ouviu a batida de um corpo. Então ela abriu os olhos e olhou para Wyll. Ele tinha sobrevivido ao impacto, bem como Perry Rhodan. Ambos agora ajudaram Rosan a ficar atrás da grade.

A parte dianteira se destacou e afundou. A parte restante foi preenchida lentamente com água, em seguida, subindo cada vez mais alto.

Os restantes 400 metros da espaçonave que estavam na horizontal moveram-se até quase ficar na vertical.

Rhodan apoiou-se com toda a sua força no corrimão, de modo a não cair nas profundezas.

Rosan olhou para as pessoas que se dependuraram na grade. Ela reconheceu Shel Norkat que pendia de olhos arregalados na entrada. Ela tinha, obviamente, problemas para segurar e deslizou lentamente até que escorregou completamente e caiu. Ela se chocou contra uma antena que rompeu. Em seguida, ela caiu por mais 400 metros até as profundezas.

Tremendo Mathyl olhou para Rosan que olhou de volta em silêncio. Todo mundo sabia que o final chegara.

Rhodan respirou fundo. O momento parecia durar para sempre. O final do LONDON era iminente. Mas o destino fez mais uma brincadeira sádica ao atrasar ainda mais este fim.

Rhodan reconheceu as crianças unitra e terrana. Ambas estavam abraçadas a uma mulher. Olharam brevemente para o imortal. Nos olhos havia luto e tristeza.

— Está quase no fim — ela sussurrou para as crianças chorando.

Das órbitas de Perry Rhodan lágrimas escorriam. As crianças tinham que morrer agora. Por que e para que? Todos seriam levados. Eles nunca terão a oportunidade de aprender sobre a vida. Eles jamais se apaixonariam, teriam filhos, ou realizar seus desejos. Rhodan amaldiçoado Rodrom e o odiava por este ato.

Alguns outros seres vivos caíram nas profundezas.

Rhodan se recompôs novamente.

— Rosan, Wyll! Os dois devem se soltar quando a LONDON atingir a água — disse ele rapidamente. — Em seguida, tentem chegar o mais rápido possível de volta ao topo antes de a ressaca puxar vocês. Pouco antes de a água atingir o parapeito, respirem!

Em seguida, um choque passou pela LONDON. Com um grito lamurioso. O fim chegou. A LONDON começou a submergir. Lenta mas inexoravelmente, a água se aproximou metro atrás de metro.

— Oh Deus, oh Deus. Eu não quero morrer! — gritou Rosan.

Wyll pegou a mão dela. — Você ouviu o que disse Perry. Respire quando eu disser.

Os dois estavam tremendo de medo. Rhodan olhou para frente para a água. Ainda faltava 200 metros, 100 metros, 50 metros, 25 metros. Pessoas foram derrubadas e desapareceram nas águas escuras.

Em seguida, a água atingiu o corrimão.

— Inspirem! — Ordenou Rhodan.

Os três realizaram quase simultaneamente a tomada de ar. A grade foi inundada. Os motores eram a última coisa que ainda se viam no céu, então estes, juntamente com o sugador hipertrop e a bandeira da Liga Hanseática Cósmica, em seguida, desapareceram na água.

A LONDON tinha ido a pique e levou mais de dez mil seres para a morte. No entanto, o drama ainda não tinha acabado. A LONDON imergiu as 04h28min lentamente para as profundezas do oceano até o seu túmulo…

 

  1. Capítulo 12 

Morte no mar

 

Rosan tentou freneticamente alcançar a superfície da água. Ela perdeu a mão de Wyll e tentou novamente entrar em contato com ele, mas não conseguiu.

Em seguida, a mestiça arcônida nadou para a superfície. A ressaca foi surpreendentemente fraca, então ela conseguiu voltar para cima.

A primeira coisa que ela disse foi o nome de Wyll. Mas ela não era a única que gritava. Ela estava cercada por mais de mil sobreviventes que nadavam na água gritando por socorro.

Atrás dela surgiu um homem que a empurrou para debaixo d’água. Ele estava obviamente em estado de choque e gritava. Rosan veio para cima de novo e queria recuperar o fôlego. Quando ela ouviu uma voz familiar: — Deixe-a em paz!

Era a voz de Wyll. Ele nadou o mais rápido que podia até os dois, e atingiu o rosto do homem, que imediatamente soltou Rosan.

Wyll abraçou a sua amada intimamente.

— Graças a Deus, você está vivo! — Gaguejou a jovem Orbanashol.

Wyll colocou um braço em volta do torso de Rosan e puxou-a para ele. Ele tinha visto um pedaço flutuante de madeira. Ele, provavelmente, veio de uma porta.

Ele colocou Rosan sobre a peça. Tinha dois metros de comprimento e cerca de metade da largura. No entanto, poderia levar apenas uma pessoa. Wyll teve de segurar a peça. Ele olhou em volta. Os homens e mulheres na água gritavam desesperadamente por ajuda, mas ninguém parecia ouvir. As naves salva-vidas se afastaram a mais de um quilômetro. Elas também não se mexeram.

Wyll tremia de mãos dadas com Rosan. Os dois se olharam nos olhos.

— Nós, afinal, ainda estamos vivos. Nós conseguimos! — Ele tentou alegrá-la.

Ela sorriu levemente. Começou a chover.

— Mais molhada, não posso ficar — ela sussurrou sarcasticamente.

Wyll olhou em volta. Ao lado dele, estava o cadáver despedaçado de Sparks, o oficial de rádio. Wyll fez uma última oração para seu companheiro. Ele acreditou ter reconhecido Perry Rhodan. O jovem terrano acenou para ele.

Era realmente o portador de ativador celular.

Rhodan sorriu quando viu os dois. Ele tinha se agarrado a uma cadeira de plástico e nadou com ela até o casal.

— Fico feliz em ver vocês dois vivos.

 

04h40min

 

O regaste das cápsulas de salvamento se conduziu com exagerada serenidade no mar. Quando começou a chover, algumas mulheres despertaram suspirando e reclamando. Lichtern estava exausto no último barco e tinha de pensar na pobre Terna Ambyl. Se tivesse sido apenas um pouco menos altruísta, ela ainda estaria viva. Ele ouviu a queixa da mulher do barco em frente e respondeu para ela.

— Cale a boca, sua vaca estúpida!

Seus nervos, tal como dos outros, estava em frangalhos. Tantos seres tinham morrido. Muitos conhecidos, outros tantos que ele havia conhecido apenas agora. Rostos incontáveis. De homens, mulheres e crianças de todas as espécies. Nos seus olhos todos com medo e pânico. Ele ouviu os gritos dos que ainda flutuavam na água. Horrorizado, ele olhou para eles. Então ele ordenou a seus homens a remar para as outras cápsulas. Ele procurou o oficial de serviço Spechdt.

 

***

 

Os pouco mais de 5.500 homens e mulheres sentaram-se calmamente nas embarcações convertidos, esperando por ajuda rápida.

Sam não conseguia ficar parado. Ele tinha que pensar nos milhares de criaturas que estavam lutando por suas vidas na água.

— Temos de voltar. Nem todas as cápsulas estão totalmente ocupadas. Nós ainda podemos salvar vidas — disse o somerense, agitado.

Spechdt, o ex-operador de localizador da LONDON respondeu rispidamente: — Pode esquecer. Eu não retornarei. A cápsula poderia virar.

Sam balançou a cabeça com raiva.

— Isso é loucura. As pessoas precisam de nossa ajuda. Pessoas, são seus maridos, mulheres e crianças que estão lá. Você não pode ser capaz de apenas deixá-los morrer! — ele implorou.

— Se você não fechar o bico, imediatamente, você fará companhia a eles — confrontou-o Spechdt.

Sam respirou fundo e sentou-se, balançando a cabeça.

 

05h30min

 

Já há uma hora os sobreviventes nadavam na água. Os gritos se tornaram mais fracos. Alguns já tinham morrido de exaustão.

Não muito longe deles Jon Maskott com um apito chamava repetidamente as embarcações de volta.

Wyll tentou animar Rosan um pouco mais.

— Ei, podia ser pior — disse ele com um sorriso.

Rosan respondeu com um sorriso fraco. Além disso, ela ainda estava encharcada. A chuva não parou.

— Logo virão as cápsulas de salvamento e nos pegarão — Wyll consolava a sua amada.

Ele olhou interrogativamente para Perry Rhodan ao lado, mas ele apenas balançou a cabeça.

Perry ouviu alguns gritos distantes. Do canto do olho, ele viu como um tubarão pulou fora da água e agarrou Maskott. O vice-operador de localizador não teve chance.

Os animais aquáticos estavam com fome novamente. Eles pularam para fora da água e rasgavam as criaturas rapidamente e mortalmente. Mais uma vez o pânico eclodiu entre os sobreviventes.

— Está ficando pior — disse Rosan.

 

***

 

Ainda estava chovendo. Os seres nas embarcações estavam encharcados, mas em segurança. Ainda estava tudo muito quieto entre os resgatados. A embarcação de emergência de Lichtern chegou aos outros. O oficial magro acenou para Spechdt e pediu-lhe para começar imediatamente o transbordo de passageiros.

— Nós encheremos os demais barcos e poderemos acomodar os sobreviventes da água. — Spechdt foi contra, mas Lichtern não deu bola. Sam o apoiou com isto. Eles amarraram as cápsulas de salvamento e pediram para os passageiros se transferirem, no que obedeceram com relutância.

Sam ajudou e tentou acelerar a ação. Mas tudo demorou muito...

 

06h20min

 

Um estranho silêncio pairava sobre o mar. Os gritos dos sobreviventes haviam se calado. Eles só ouviram o som das ondas e o tamborilar da chuva. Ocasionalmente se ouvia um suspiro ou um gemido.

Rosan tinha adormecido. Perry Rhodan percebeu que Nordment estava para cair no sono. Isso seria a sua morte certa A água estava de fato em escassos dez graus Celsius acima do congelamento, mas não particularmente quente.

Rhodan viu o torso de um homem parcialmente devorado por um peixe. Rhodan viu que era o chefe da segurança da LONDON, Prollig. Seus olhos estavam abertos, os intestinos estavam pendurados no ventre aberto. Perry teve que suprimir uma ânsia de vomito.

Os predadores, já tinham se retirado. Já há uma hora eles não atacavam os galácticos. Hulga Imoll e Brunde Galfesch foram as suas últimas vítimas. Ambas não tiveram nenhuma chance contra os tubarões. Assim os últimos filhos da fonte de matéria de Dannos tinham provavelmente morrido. Agora eles estavam em seu paraíso, mas certamente bem longe de serem um cosmocrata.

Mas o mar ofereceu um enorme túmulo. Rhodan achou que quase três mil seres tinham encontrado a morte nas últimas duas horas. Por predadores ou por colapso circulatório e debilitação. Jakko Mathyl estava a cerca de dez metros dos três. Ele estava pálido e no limite das suas forças.

Rhodan viu duas cápsulas se aproximando. Ele bateu em Wyll Nordment que se assustou. Rhodan apontou na direção da salvação.

Gentilmente ele despertou Rosan, que parecia confusa.

— Eles estão vindo para nos salvar! — Wyll disse com alegria.

Rosan sorriu dolorosamente.

Wyll e Rhodan acenaram para as cápsulas. Isto também chamou a atenção dos outros, cerca de 400 sobreviventes. Muitos nadaram no sentido das duas cápsulas. As escotilhas foram abertas e os primeiros foram apanhados.

Mas a felicidade não durou muito tempo. Rhodan ouviu atrás de si um ruído anormal. Eram os predadores. Eles atacaram novamente algumas das pessoas e as arrastavam para as profundezas. Ele ficou em pânico. Uma das criaturas apareceu de repente na frente de Rosan e Wyll. Ela abordoou Wyll em sua caixa torácica e rasgou com as suas barbatanas afiadas a sua coxa. Em seguida, ele mirou em Mathyl que estava flutuado perto de Rhodan. Ele ergueu-se e pulou para cima dele. Uma onda surgiu entre dois. Mathyl não reapareceu.

Rhodan nadou até Wyll, para ver o quanto ele estava ferido.

— Está tudo bem — Wyll tossiu. Ele voltou a se apoiar no móvel de madeira com Rosan.

Ela imediatamente pegou as suas mãos e as beijou.

— Você precisa sobreviver! — Ela sussurrou baixinho.

Rhodan acenou para uma das naves auxiliares. Rhodan viu Lichtern, mas ele não via nada.

Ele chegou a dar um comando para ir lá, no dispositivo de som.

— Eu sinto muito, mais de 150 pessoas, não podemos absorver. Os barcos estão cheios. Por favor, perdoe-nos, mas segurem-se até que a ajuda chegue.

Wyll olhou horrorizado para Rosan.

— Temos uma pessoa ferida aqui! — gritou Rhodan.

A segunda espaçonave salva-vidas aproximou dos três. Rhodan podia ver Sam, que o viu pela escotilha.

— Nós levaremos Wyll Nordment. Eu vou para a água — sugeriu o somerense.

Wyll não queria, mas Rhodan foi capaz de convencê-lo de outra forma.

Mas, de repente cerca de 100 sobreviventes rodearam a cápsula e tentar entrar a bordo.

— Assim não vai ser possível. Devemos fechar a escotilha, caso contrário, o barco vira! — amaldiçoou Spechdt.

Sam negou. — Enquanto eu estiver aqui, ela permanece aberta!

Spechdt levou isso ao pé da letra. Ele empurrou Sam para a água e fechou a escotilha. A cápsula se afastou novamente. As pessoas gritando ficaram para trás.

A outra cápsula com Lichtern se dirigiu lentamente para os seres na água. Pelo menos eles queriam ter apoio moral, mesmo se eles não fossem capazes de suportar mais passageiros.

Perry nadou até o somerense que claramente tinha problemas para se manter na superfície. Sam pegou imediatamente a cadeira de plástico e se agarrou a ela.

— Mesmo tendo derrubado você, você tinha que dar uma de herói? — perguntou Rhodan ironicamente.

Os predadores retiram-se, mas eles poderiam voltar a qualquer momento. Tinha parado de chover. No entanto, ainda estava escuro. A maioria estava morta ou quase morta. Quase ninguém mais fazia qualquer som. Perry Rhodan e Sam se mantinham acordados mutuamente. O imortal pensou na longa odisseia da LONDON. Todas essas aventuras acabariam ali e agora? Isto não podia ser!

Wyll estava tremendo muito agora. Rosan tentou animá-lo novamente. Mas ela não tinha forças. Ela notou que a água ficou vermelha. Era o sangue de Wyll Nordment.

— Wyll — ela sussurrou fracamente. Ele tossiu várias vezes.

— Sim?

— Eu te amo.

— Ei, isso soa como um adeus — ele gaguejou. A água estava agora, bastante fria.

— Eu não posso aguentar mais, Wyll — sussurrou Rosan.

Ele aumentou a pressão em suas mãos que ainda seguravam as de Rosan. — Você tem que me prometer que você vai aguentar. Você ficará tão velha quanto as colinas e terá muitos filhos em Camelot.

— Só se você for o pai — ela sussurrou.

Wyll quis responder, mas a dor nas costelas quebradas e coxa o fizeram estremecer.

— Claro... ele disse simplesmente.

Ele sabia que não podia durar muito. Talvez meia hora, então ele entraria em colapso. Mas a ajuda não estava à vista. Ele estava acabado. Ele só esperava que Rosan suportasse isso.

Rosan desceu do pedaço de madeira e ajudou Wyll. Ele estava com dor, quando ela tocou uma costela. Rhodan ajudou.

Nordment estava perplexo.

— Você precisa descansar mais do que eu — disse Rosan.

— Rosan, você é a mulher mais incrível que eu já conheci. Mesmo que isso soe idiota, mas encontrá-la aqui, foi a melhor coisa que poderia me acontecer — ele disse a ela.

Ela sorriu novamente fracamente. Além disso, ela estava tremendo. A água estava fria. Um vento frio soprou sobre o oceano agora.

De repente, ouviram um rugido que veio do céu. Várias luzes foram vistas.

 

  1. Capítulo 13 

Redenção

 

— Espaçonave! — gritou Rhodan. — O resgate está chegando!

Também as outras cápsulas notaram isto. Eles acenaram para o space-jet.

— É uma espaçonave dos galácticos — disse Sam com firmeza.

— A FREYJA — Perry Rhodan percebeu. — Uma espaçonave de Camelot.

Wyll queria soltar um grito de alegria, mas novamente apareceu um peixe predatório. Ele destruiu a madeira. Wyll caiu na água, mas apareceu mais uma vez. Rosan nadou para longe, mas o monstro iniciou a perseguição.

— Rosan! — Wyll gritou desesperadamente. Ele quebrou a madeira e jogou-a no animal. Este também respondeu.

Rosan tinha alcançado uma das cápsulas.

— Wyll, nade para longe! — Ela gritou de horror.

Mas ele não podia. Ele não tinha como se esconder. O predador estava correndo com a boca aberta para ele.

Wyll ouviu Rosan chamar desesperadamente por ele.

— Adeus, eu também te amo, Rosan!

Um colosso caiu espirrando água na frente dele. Os quatro braços segurando o corpo do tubarão e o rasgou em pedaços. Em seguida, o gigante negro foi em direção a Wyll Nordment.

O peculiar foi que esta criatura não estava lá há um minuto. Ele apenas caiu do céu na água. Diretamente sobre o predador. O Gigante com três olhos vermelhos que brilhavam, estava com uma criatura peluda com um dente sentada em cima, que sacudiu a água do seu pelo. Parecia com o bicho de pelúcia de Rosan. O ser sorriu amplamente, quando ele nadou junto com o Colosso para Nordment.

— Você está salvo! E olha que fazemos isso sem cobrar taxas — Wyll ouviu a voz estridente do ser.

Ele estava sem palavras. Ao lado dele, pousou um escaler anfíbio na água. Eles recolheram Rosan, Perry Rhodan, Sam e cerca de duzentos e cinquenta outros para fora da água. Então Wyll sentiu que ele foi levantado como que por magia. Agora sabia quem eram os dois, Gucky e Icho Tolot.

No escaler um arcônida apoiava Rosan que caiu. Wyll pensava no início que era Attakus Orbanashol, mas então ele percebeu seu erro. Tinha que ser Atlan.

Perry Rhodan abraçou seu amigo.

— Já estava na hora! Mas como você nos encontrou? — ele perguntou.

— O pessoal de Dannos tinha um homem de contato que exigiu um resgate — disse Atlan. — Nós o encontramos. E seguimos até UGCA 092.

— Nós procuramos interminavelmente por semanas. Em seguida, chegou seu pedido de socorro.

— Algo medonho deve ter acontecido — disse Icho Tolot quando olhou para o mar.

— Sim, Tolotos. Algo muito cruel — disse Rhodan, em seguida, olhou para Rosan, que correu para socorrer Wyll. Rhodan foi até os dois. — Bem, desde que ambos sobreviveram, eu tenho que manter a minha palavra. Você pode ir para Camelot. Lá vocês dois podem viver em paz.

Ele riu e abraçou os dois brevemente.

— Você vê, Rosan. Nós dois conseguimos — disse Wyll fracamente.

— Não diga nada agora — disse ela e beijou-o.

Attakus Orbanashol veio até eles quando saiu da cápsula. Ele olhou para ela brevemente e passou resignado.

Ele não conseguiu impedir a felicidade dos dois. Nem mesmo as suas intrigas no naufrágio da LONDON conseguiram destruir seu relacionamento. Nada poderia vir contra o amor de Wyll Nordment e Rosan Orbanashol.

O space-jet e o planador já tinham apanhado todos os sobreviventes localizados nas cápsulas de salvamento. Eles foram pegos e levados para os escaleres. Alguns estavam sofrendo de hipotermia ou choque. Eles tiveram que receber uma atenção médica imediata.

No mar ainda boiavam alguns restos da LONDON, tais como cadeiras, portas, escotilhas, ou outros objetos flutuantes.

Gucky e Icho Tolot ainda ficaram na beira do escaler e olhavam tristemente para o oceano. Eles não tinham como saber como foi passar por esta noite terrível, mas notaram que cerca de 11.000 criaturas tinha sofrido uma morte cruel.

Perry Rhodan lembrou-se de Rodrom. Ele jurou vingança pelo que ele tinha feito. Mas, mesmo para Gaton e seu porta-voz da liga Hanseática o naufrágio do LONDON teria uma sequela.

Então ele pensou nos mais de 11.000 homens e mulheres, que perderam as suas vidas.

— As suas mortes serão vingadas — prometeu.

Atlan foi até ele.

— Você tem algum desejo especial, bárbaro?

— Sim, vamos para casa!

 

  1. Capítulo 14 

A espaçonave afundada

 

A outrora orgulhosa espaçonave agora estava no fundo do mar numa profundidade de 12.312 metros. Com a LONDON 10.023 homens e mulheres da Via Láctea e do Grupo Local tiveram o seu lugar de descanso final. Somente 5.999 criaturas sobreviveram ao maior desastre de uma espaçonave de luxo desde o início do Novo Calendário Galáctico.

A LONDON foi a mais poderosa e bela espaçonave da Galáxia, mas ela se tornou uma espaçonave da morte. Mesmo nos séculos seguintes quando se pensasse sobre o destino cruel de uma espaçonave Hanseática. Rodrom estava certo, ligariam a ele o desastre. Mas deve-se também pensar na negligência da Liga Hanseática que não tinha a bordo cápsulas de salvamento suficientes por causa dos lucros materiais.

Haveria no futuro próximo um pedido público de desculpas e o porta-voz Hanseático Arno Gaton se aposentaria em sua casa de campo para viver com a sua má consciência, mas isso não fez os 10.023 seres voltarem a vida novamente.

Perry Rhodan batizou o sistema em que o capítulo final da LONDON foi escrito, com o nome de — “London's Grave”.

Ele esperava que ninguém fosse a este sistema, mas ele sabia que em algum momento, pesquisadores ou jornalistas curiosos tentariam perturbar o local de descanso da LONDON.

Muitos perderam as suas vidas na terrível noite de 10 de dezembro de 1285 NCG. James Holling — o capitão da LONDON, Spector e Thorina Orbanashol, Hermon da Zhart, Jakko Mathyl, Shel Norkat, Ulryk Wakkner, Alex Moindrew, Kolipot — o patriarca Saltador, Terek-Orn — o embaixador tópsida, Tuerkalyl Oebbysun — embaixador dos blues, os oficiais Rudocc, Maskott, Sparks e Prollig, o médico de plantão Horst Talbot, Terna Ambyl, Dannos, Luise Chowfor, Herban Livilan e Hiretta Arkyl, as crianças julziisch e unitra e 9.999 outras criaturas.

Que eles possam descansar em paz para sempre…

 

  1.  

 

WORDON atingiu o pátio do castelo de MODROR. O vermelho foi ao centro de comando e sentiu satisfação com a sua vitória final. Apesar de Perry Rhodan ter sobrevivido novamente, mas ele pela primeira vez sentiu o poder de Rodrom. A partir de agora Rhodan saberia com que poder cósmico ele tinha mexido.

Zukthh informou Rodrom sobre o desembarque. Desta vez, o vermelho renunciou a um aparecimento dramático diante de seus senhores e mestres. Ele se dissolveu diante dos olhos de Zukthh e atravessou como uma nuvem os salões de MODROR. Lentamente, ele entrou na sala do trono. A manifestação de MODROR já o aguardava lá.

Palavras foram desnecessárias. Seu mestre sabia do encontro de Rodrom com Perry Rhodan.

— Lamentavelmente, os saggittonenses em breve apoiarão DORGON — MODROR observou sobriamente.

Rodrom curvou-se humildemente. Tinha sido a sua falha e ainda assim ele viu uma vantagem neste Intermezzo. Perry Rhodan teve que perder muitas vidas para uma pequena vitória. Isto satisfez Rodrom profundamente.

— O que são esses seres patéticos em comparação com a luta entre mim e DORGON? — perguntou MODROR. — Nada! Embora Rhodan saiba agora do nosso profundo comprometimento, mas ele também será advertido.

Rodrom ficou em silêncio. O que mais ele poderia dizer? As palavras de seu senhor estavam cheias de sabedoria.

Atrás dele, uma porta se abriu. Uma figura humanoide entrou. Lembrou a Rodrom um terrano, mas o ser estava vestido com uma túnica preta. Um manto negro cobria o rosto de cor vermelha. Ele tinha a pouco alcançado a MODROR e Rodrom, ele fez uma reverência para seus chefes. Em seguida, ele se levantou e caminhou em direção a eles. Rodrom olhou para o bastão feito de puro carit, a liga suprema, o visitante a carregava em sua mão direita. Batendo com a parte inferior do bastão decorada com uma caveira no chão. Com a mão esquerda, ele pegou seu capuz e colocou-o para trás.

O vermelho, o rosto do homem calvo se contraiu com a tensão. Seus olhos amarelo-avermelhados pareciam espalhar faíscas. Rodrom examinou em pormenor o filho do caos. Ele olhou para a marca dos três seis em interseção sobre a cabeça careca.

— Cau Thon, meu filho! Seja bem-vindo — MODROR cumprimentou suavemente. — Relatórios!

Cau Thon aproximou-se mais dois passos.

— A Mordred está pronta para uso. O Cavaleiro Prateado Cauthon Despair vai cumprir o seu destino. O que é uma ironia do destino é que Mordred usou um culto para sequestrar a LONDON — Cau Thon relatou.

MODROR convidou o filho do caos a continuar. Thon obedeceu imediatamente o desejo de seu mestre.

— Os dorgonenses vão nos apoiar. Já estão em contato com a Mordred. Em poucos anos eles estarão prontos para grandes feitos. Tudo evolui de acordo com o seu plano, Mestre — Cau Thon terminou o seu relatório.

MODROR começou a sair. Mas as duas figuras vermelhas ainda podiam ouvir a sua voz.

— O terrano ainda não suspeita de nenhuma calamidade. A campanha de Rodrom contra esta espaçonave foi um início insignificante. Grandes eventos vão abalar o Universo ainda!

 

FIM

A LONDON naufragou e levou 10.023 seres à morte. Mas o mito da espaçonave de luxo vive. Ao longo de quase quatro anos e meio depois, a LONDON II foi construída a partir dela. Este evento é saudado em todos os lugares.

O volume 9 também foi escrito por Nils Hirseland e traz o título: A VINGANÇA DO MASKANT

  1. COMENTÁRIO 

 

Agora, o primeiro ciclo LONDON está concluído, Perry Rhodan realmente sobreviveu a sepultura da LONDON, mas milhares de criaturas tiveram de deixar as suas vidas no planeta água.

Vamos tentar, resumir os últimos volumes:

Perry Rhodan vai na viagem inaugural da espaçonave de cruzeiro LONDON, ele pretendia ganhar a confiança do somerense Sam para Camelot, num pesadelo, ele é subitamente arrastado para um confronto cósmico de proporções desconhecidas. A entidade Rodrom é seu adversário e tenta matá-lo, aparentemente, em nome do seu mestre “MODROR”. O por que ainda não está muito claro.

Mas o plano complexo de Rodrom falha duas vezes, Rhodan encontra na pessoa de Sato Ambush um velho amigo, que estava há muito tempo morto, e também no mundo subaquático, onde ele iria se afogar miseravelmente como todos os passageiros, é salvo graças a Gucky, Stewart Landry e Atlan, junto os outros sobreviventes. Rodrom não atingiu ao seu destino predeterminado. No entanto, vários presságios são anúncios, os confrontos apenas começaram.

Jürgen Freier

 

  1. GLOSSÁRIO 
  2.  
  3. A crônica da LONDON 

 

Por Jaaron Jargon (a partir das crônicas posteriores dos cosmotarcas DORGON e MODROR).

 

A LONDON por Raimund Peter

LONDON era uma espaçonave de luxo da Liga Hanseática Cósmica. Ela foi projetada com a aparência de um navio marítimo. Com uma extensão de 1.600 metros, uma largura de 554 metros e uma altura de 787 metros, oferecia acomodações para mais de 15.000 passageiros e uma tripulação de 1.200 homens e mulheres. A LONDON foi a “visão” do porta-voz Hanseático Arno Gaton e foi financiada pela Liga Hanseática Cósmica para melhorar o seu prestígio no espaço.

A espaçonave de luxo realiza um voo de cruzeiro pelo grupo local e atraiu a elite da Via Láctea a bordo.

 

05 de outubro do ano 1285 NCG

No estaleiro espacial de SUSSIX, a LONDON é apresentada pela primeira vez na frente de 4.000 convidados.

 

06 de outubro do ano 1285 NCG

O voo inaugural e lançamento da LONDON aconteceram no Sistema Solar.

 

7 de outubro do ano 1285 NCG

O início da viagem através do grupo local com 15.022 passageiros e 1.200 tripulantes. O comando da LONDON ficou a cargo do plofosense James Holling de 175 anos. Entre os convidados estava a família influente de arcônidas, os Orbanashol, um somerense Sruel Allok Mok (Sam) e até mesmo Perry Rhodan que, incógnito, viaja com eles para ganhar Sam para Camelot.

 

08 de outubro do ano 1285 NCG

A LONDON atinge Gatas e pega passageiros adicionais.

Perry Rhodan é desmascarado pelo líder da seita Dannos. Rhodan torna-se conhecido e começa oficialmente as negociações com Sam.

 

12 outubro do ano 1285 NCG

Wyll Nordment dificulta na noite de 11 para 12 de Outubro, a desesperada tentativa de suicídio numa eclusa de Rosan Orbanashol. Ali, pela primeira vez, um comportamento defeituoso da sintrônica de bordo é registrado.

Pai Dannos assassina Martha Wobbish, quando ela não quer participar com ele do esquema cósmico dos filhos da fonte de matéria.

A LONDON chega ao meio-dia na Grande Nuvem de Magalhães.

Após uma grande briga entre Wyll Nordment e Attakus Orbanashol por Rosan, Nordment é dispensado de seu cargo de primeiro-oficial da LONDON.

 

13 de outubro do ano 1285 NCG

Rosan Orbanashol é assediada por Tett Chowfor, um filho da fonte de matéria. Ela se livra dele graças ao secretário particular dos Orbanashol que humilha Chowfor, empurrando-o numa piscina.

 

15 de outubro do ano 1285 NCG

Os filhos da fonte de matéria sequestram a LONDON. Os mercenários de Mordred ocupam o centro de comando e à casa de máquinas. Uma vez que uma bomba foi escondida a bordo, os oficiais da espaçonave não têm escolha a não ser aceitar às exigências do pai Dannos. Dannos quer que a LONDON viaje para uma fonte de matéria. Só a tripulação e poucos passageiros ficam sabendo do sequestro.

Enquanto Wyll e Rosan comemoram, Rosan é assediada novamente por Tett Chowfor. Quando Wyll vem ao seu resgate, Chowfor pega uma faca vibratória e ataca Nordment. Na luta Chowfor morre. Rosan e Wyll informam Holling e descobrem sobre o rapto. Mesmo Rhodan e Sam ficam sabendo.

 

16 de outubro do ano 1285 NCG

Em vingança pela morte de Tett Chowfor, Dannos ordena ao seu mercenário Craig Anbol que assassine 10 passageiros inocentes.

 

22 de outubro do ano 1285 NCG

O filho da fonte de matéria Dimytran informou a Liga Hanseática Cósmica sobre o sequestro da LONDON e promete provas.

 

24 de outubro do ano 1285 NCG

A LONDON ainda está nas mãos dos sequestradores e está perto do Triangulum.

 

25 de outubro do ano 1285 NCG

Dimytran exige uma nota de resgate no valor de 150 bilhões de galax para a Liga Hanseática Cósmica. Ele também fornece um ultimato de 24 horas.

O SLT é informado. O agente Stewart Landry faz contato com o cronista Jaaron Jargon em Camelot.

 

26 de outubro do ano 1285 NCG

A Liga Hanseática Cósmica concorda com o pedido de resgate.

 

27 de outubro do ano 1285 NCG

O dinheiro é entregue a Dimytran e carregado no cruzador CERES. Gucky e Stewart Landry viajam no cruzador CERES que segue na direção de UGCA-092

 

Novembro do ano 1285 NCG

Os passageiros e tripulantes da LONDON devem ser entregues perto da UGCA-092 numa estação abandonada tefrodense. No entanto, a expedição saggittonense e o cruzador de batalha SAGRITON com o filho do chanceler saggittonense Aurec e o almirante Dolphus percebem a aproximação da LONDON. Quando a SAGRITON é bombardeada por mercenários de Dannos causando incêndios na SAGRITON eles retrocedem e paralisaram os galácticos. Eles deixam os galácticos num sono profundo e levam a espaçonave como presa e objeto de investigação por meio de um portal estelar a distante galáxia a 19 milhões de anos-luz, Saggittor (M-64).

 

14 de novembro do ano 1285 NCG

A SAGRITON alcança a galáxia Saggittor com a LONDON.

 

15 de novembro do ano 1285 NCG

Após Perry Rhodan conseguir conquistar a amizade de Aurec, os galácticos e saggittonenses podem resolver as suas diferenças iniciais. Os galácticos conhecem mais sobre o saggittonenses. No entanto, Rodrom — a encarnação da entidade MODROR – fica atento em relação a Perry Rhodan, numa viagem de inspeção em Saggittor a uma base secreta do povo auxiliar dos kjolles. Uma vez que os poderes de MODROR já operam no Grupo Local, Rodrom quer aproveitar a oportunidade e impedir uma aliança entre os galácticos e os saggittonenses e matar Perry Rhodan.

 

16 de novembro do ano 1285 NCG

Perry Rhodan e Aurec examinam a barreira misteriosa no centro da galáxia Saggittor.

Ao mesmo tempo, o cruzador CERES encontra-se com os filhos da fonte de matéria na pequena Galáxia de UGCA-092, onde se encontra com uma espaçonave da organização Mordred. No entanto, nenhum vestígio da LONDON é encontrado.

 

17 de novembro do ano 1285 NCG

Landry é desmascarado, mas graças a Gucky, duas espaçonaves conseguem se aproximar da espaçonave do inimigo, a FREYJA e a NORTH CAROLINA. Os sequestradores preferem cometer suicídio.

A operação de busca da LONDON começa.

 

18 de novembro do ano 1285 NCG

A família do chanceler Aurec é assassinada por mercenários de Rodrom. O almirante Dolphus é um dos conspiradores e os galácticos são culpados pelo assassinato.

Rodrom lança a LONDON através de uma dobra espaço-tempo, em 1998, numa Terra de um universo paralelo. Rhodan e seus companheiros são caçados pelos mercenários de Rodrom, no entanto, conseguem escapar graças a Sato Ambush e retornar ao universo normal. Sato Ambush que é, aparentemente, apoiado por um grande poder, encontra uma criatura chamada Alysker. A sua odisseia nas pararrealidades nos universos paralelos em busca do seu próprio universo parece ter acabado, mesmo que ele não consiga entrar em contato com Perry Rhodan.

 

19 de novembro do ano 1285 NCG

Aurec e Perry Rhodan provam a sua inocência perante o conselho de Saggittor. Aurec é agora oficialmente chanceler dos saggittonenses.

 

21 de novembro do ano 1285 NCG

A família do chanceler saggittonense é enterrada num grande funeral.

 

22 de novembro a 24 de novembro do ano 1285 NCG

O usurpador Dolphus morre durante uma tentativa fracassada de golpe contra Aurec.

A luta contra os kjolles no centro da barreira começa. Graças a Alysker e Ambush os saggittonenses obtêm as coordenadas de um Portal Estelar no centro de Saggittor. Os kjolles são batidos, as estações da barreira são destruídas. Rodrom foge e por vingança destrói o sistema natal dos kjolles.

 

29 de novembro do ano 1285 NCG

A LONDON deixa Saggittor e começa a sua viagem de regresso.

 

08 de dezembro do ano 1285 NCG

A LONDON ainda está a um pouco mais de três milhões anos-luz da Via Láctea.

 

09 de dezembro do ano 1285 NCG

Rodrom manipula através de um vírus da Mordred a sintrônica defeituosa a e liberta os filhos da fonte de matéria a fim de sabotarem as cápsulas espaciais e naves auxiliares de resgate.

A LONDON avança pelo hiperespaço e chega a um sistema estelar com um planeta aquático para recarregar o acumulador gravitraf. Esta parada é planejada por Rodrom. A WORDON espera no sistema e ataca a LONDON as 23h19min do tempo padrão. A espaçonave de luxo fica muito danificada pelos disparos da WORDON em órbita do mundo subaquático.

A LONDON cai no planeta, fazendo as 23h40min do tempo padrão um pouso de emergência na água. A inundação é interrompida após menos de 20 minutos, porém, ela mata cerca de 100 galácticos pelo impacto e pelas primeiras inundações.

 

10 de dezembro do ano 1285 NCG

As 00h50min do tempo padrão detonam várias cargas explosivas de Rodrom e a evacuação quase não têm lugar. Várias naves auxiliares são destruídas e as suas carcaças se tornam barcos anfíbios. A evacuação começa agora enfaticamente.

A inundação pode ser interrompida no hangar até cerca de 02h40min do tempo padrão. Mas quando a energia dos campos de força entra em colapso final e a sintrônica é destruída devido ao vírus, o naufrágio da LONDON já não pode ser interrompido.

A evacuação é executada de forma caótica. Nem todas as cápsulas ficam cheias e lentamente se entra em pânico. 04h00min do tempo padrão de manhã a LONDON começa a declinar rapidamente. Às 04h17min do tempo padrão, a água já atingiu o centro de comando. O capitão James Holling morre afogado.

As últimas cápsulas são reaproveitadas como barcos salva-vidas e são baixadas até a água, a LONDON agora submerge rapidamente.

As torres caem juntas e a espaçonave se quebra ao meio, porque a carga dos motores é muito grande.

A 04h28min do tempo padrão a LONDON está completamente perdida.

Centenas de sobreviventes devem suportar horas na água e são presas de criaturas similares a tubarões.

As 06h25min do tempo padrão a FREYJA e NORTH CAROLINA chegam ao planeta aquático, e resgatam os sobreviventes. Na água Perry Rhodan, Wyll Nordment, Rosan Orbanashol e Sam sobrevivem até serem resgatados.

No total 10.023 galácticos perdem as suas vidas no desastre.

1        Nota do tradutor: Perry Rhodan episódio 250.

2        Nota do revisor: Os V’aupertir, pelo fato de terem viajado quase todo o Universo, se consideram os supostos pais para todas as outras raças humanoides no Universo. Mas isso não é comprovado. Comprovadamente os engenheiros do espaço-tempo, criadores de THOREGON e dos quais os vipeters – relacionados com as Estradas Estelares Negras – descendem. Eles são o povo originário d’O Senhor dos Elementos, que resultou de uma superinteligência negativa. Com a construção do Decálogo dos elementos, ele foi premiado com o status de um Caotarca. Entre 80 e 50 milhões de anos atrás, a entidade foi chamada V’AUPERTIR.

 Nota do revisor: Madeira venusiana; usada para trabalhos de arte. Perry Rhodan episódio 288.

4        Nota do revisor: Vidro produzido pelos ghameses. Perry Rhodan episódio 102.

5        Nota do revisor: PGPA é a sigla para “Pela Glória e Poder de Árcon”. Esta organização foi, como o nome sugere, estabelecida por arcônidas após a era de Monos para restaurar o tempo do Império Arcônida. Em suas ações, os membros que criaram esta organização também usavam meios criminosos como terror e violência para atingir seus objetivos.

6        Nota do revisor: Perry Rhodan episódio 200 a 379. O engenheiro Dr. Bert Hefrich salvou muitas vezes a Crest II e III, às vezes trabalhando em condições extremas e sob risco de vida, dos apuros em Andrômeda e M-87.

 Nota do revisor: adeus em arcônida.